quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ANO NOVO OU ANO-NOVO?

É comum, no mês de dezembro, lermos e ouvirmos a seguinte frase: "Feliz Natal e um próspero ano novo".

Não seria "Feliz Natal e um próspero ano-novo"?

Ou quem sabe "Feliz Natal e um próspero Ano-Novo"?

E finalmente por que não "Feliz Natal e um próspero Ano Novo"?

As dúvidas, portanto, giram em torno do emprego do hífen e das iniciais maiúsculas em "Ano" e "Novo".

O § 2º, alínea "e", do texto oficial do Acordo Ortográfico diz que deverão ser escritos com iniciais maiúsculas os vocábulos que designam nomes de festas e festividades.

Eis o porquê de sempre escrevermos "Natal", com a inicial maiúscula. Quanto a outra festa em questão, podemos afirmar, por analogia, que as maiúsculas também são de rigor, caso se trate da festividade de passagem de ano.

E quanto ao hífen? Há duas situações: se o vocábulo designa o ano inteiro, de 12 meses, devemos escrevê-lo sem hífen e com as iniciais minúsculas. Se, por sua vez, diz respeito ao chamado "Réveillon", melhor escrevê-lo com hífen e com as iniciais maiúsculas:

Feliz Natal e um próspero ano novo. (= Feliz Natal e um próspero 2012.)

Feliz Natal e um excelente Ano-Novo. (= Feliz Natal e um excelente Réveillon.)

Assim, devemos ficar atentos ao que realmente queremos dizer. Note que é possível a construção:

"Desejo a todos um Ano-Novo festivo e um próspero ano novo".

Tal posicionamento adotado por este blog não tem unanimidade, nem entre os dicionaristas, nem entre a imprensa escrita. O Aurélio, por exemplo, discutindo o verbete em questão, traz o seguinte:

"ano-novo

substantivo masculino.

1.O próximo ano; o ano entrante:

'Estamos com sono, vamos dormir. Damos boa noite, bom ano-novo, eu abraço meu tio.' (Ricardo Ramos, Matar um Homem, p. 168.)

2.A meia-noite do dia 31 de dezembro; ano-bom.

3.O dia 1º de janeiro; ano-bom. [Pl.: anos-novos.]"


Perceba que, pelo ensinamento do citado dicionário, o uso do hífen e das iniciais minúsculas é de rigor, seja em relação às festividades da passagem do ano, seja em relação ao ano inteiro.

A imprensa, por sua vez, aparentemente tem ignorado o hífen, oscilando apenas em relação às iniciais, independentemente do significado.

Reafirmamos nossa postura, a saber: Ano-Novo (= festividades de passagem de ano) e ano novo (= ano inteiro, período de 12 meses).

Frisamos, mais uma vez, que a alínea "e" do parágrafo 2º do Acordo nos autoriza o uso das iniciais maiúsculas quando o vocábulo se refere às festividades de passagem de ano, embora a grafia oficialmente posta traz as iniciais minúsculas.

Caso você ainda tenha dúvida na hora de se deparar com tais situações, pode usar um atalho e escrever:

"Feliz Natal e boas festas", referências ao Natal em si e às festas da passagem de ano.

Sugerimos o comentário detalhado que fizemos acerca da Base XIX do Acordo:

Comentários sobre os empregos das iniciais maiúsculas e minúsculas

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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A VÍRGULA ANTES E DEPOIS DE "ETC."


Sobre o uso da vírgula antes e depois de "etc.", aponte eventual erro em cada uma das proposições abaixo:

I - O dançar, o cantar, o representar, etc. fazem bem ao ser humano.
II - O dançar, o cantar, o representar etc. fazem bem ao ser humano.
III - O dançar, o cantar, o representar, etc., fazem bem ao ser humano.
IV - O dançar, o cantar, o representar etc., fazem bem ao ser humano.

Resposta: Aqueles que defendem a não utilização da vírgula antes de "etc." o fazem alegando que a referida abreviatura significa "e as outras coisas", de sorte que a presença do "e" dispensaria o sinal gráfico em questão.

Hoje, no entanto, a presença da vírgula em tal posição no texto tem maior aceitação. Autores consagrados como Cegalla e Bechara utilizam o dito sinal de pontuação antes de "etc." em situações como as descrevemos acima. O mesmo entendimento é compartilhado pelo Aurélio, que, abordando o verbete aqui retratado, traz o seguinte exemplo: "Comprou na feira legumes, verduras, frutas, etc."

O mesmo dicionário ainda faz uma interessante observação de valor histórico. Diz-nos que inicialmente a referida abreviatura era usada somente em relação a coisas e não a pessoas. Posteriormente, passou-se a usá-la também em menção a estas.

Quanto ao uso da vírgula depois de "etc.", basta reescrever a mesma frase sem a referida abreviatura, atentando para as regras gramaticais pertinentes ao uso da vírgula. Sendo esta de rigor, use-a após o "etc."; em caso negativo, não a utilize:

O dançar, o cantar, o representar fazem bem ao ser humano.

Comprou na feira legumes, verduras, frutas, etc., de sorte que se deu por satisfeito.


Pelo exposto, fica evidente que das quatro proposições inicialmente propostas, somente a primeira está correta. Caberia vírgula depois de "etc." se a frase fosse assim:

O dançar, o cantar, o representar, etc., conforme é entendimento comum, fazem bem ao ser humano.

Retire a citada abreviatura na mesma frase, e note que a vírgula é de rigor antes de "conforme":

O dançar, o cantar, o representar, conforme é entendimento comum, fazem bem ao ser humano.

Frise-se, oportunamente, que a vírgula antes de "etc." é somente empregada para separar palavras ou orações justapostas assindéticas (O pó, a terra, a poeira, etc. podem causar doenças).

Portanto, estão erradas as proposições abaixo:

II - O dançar, o cantar, o representar etc. fazem bem ao ser humano.
III - O dançar, o cantar, o representar, etc., fazem bem ao ser humano.
IV - O dançar, o cantar, o representar etc., fazem bem ao ser humano.

Por fim, vale lembrar que o uso do ponto é obrigatório em tal abreviatura, que não deve ser escrita em itálico ou entre aspas, a menos que se queira destacá-la, como fizemos nesta explicação.

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domingo, 20 de novembro de 2011

CONCORDÂNCIA

Abaixo há quatro frases. Aponte aquela(s) que está(ão) gramaticalmente correta(s):

a) ( ) Estas cidades têm médicos bons.
b) ( ) Nestas cidades tem médicos bons.
c) ( ) A pesquisa revelou que só duas por cento das mulheres não gostaram do novo perfume.
d) ( ) As notícias parece que têm asas.

Resposta: As quatro opções estão corretas.

Frase a > O verbo concorda com o sujeito "Estas cidades".

Frase b > O verbo "ter", na frase em questão, é impessoal, com sentido de "haver" (= Nestas cidades médicos bons), e, portanto, deve ficar na terceira pessoa do singular.

Frase c > Embora menos recomendado que "dois por cento", o feminino empregado concorda com o substantivo a que se refere (no caso mulheres).

Frase d > Nas construções com o verbo "parecer" é lícito pluralizá-lo ou o verbo que o acompanha.

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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

CONCORDÂNCIA VERBAL COM OS VERBOS AUXILIARES "PODER" E "DEVER"

Analise as seguintes proposições:

I - Devem-se ler bons livros.
II - Deve-se ler bons livros.
III - Podem-se comprar bons livros.
IV - Pode-se comprar bons livros.

Sobre o emprego dos verbos auxiliares "poder" e "dever", aponte a única alternativa correta:

a) ( ) Somente as proposições I e III estão corretas.
b) ( ) Somente as proposições II e IV estão corretas.
c) ( ) Somente a proposição III está errada.
d) ( ) Somente a proposição II está errada.
e) ( ) Todas as proposições estão corretas.

Resposta: Estamos diante de um caso de concordância do verbo passivo. Pela regra, quando temos o pronome apassivador "se", o verbo concorda com o sujeito: "Vendem-se casas", "Fazem-se unhas", "Ali só se ouviam gemidos", "Gastaram-se milhões na construção", etc.
 
Todavia, nas locuções verbais formadas com os verbos "poder" e "dever", é lícito deixar o verbo no singular ou plural: "Não se podem (ou pode) cortar essas as plantas", "Não se devem (ou deve) cortar essas plantas".

Assim, são corretas as construções "Devem-se (ou deve-se) ler bons livros" e "Podem-se (ou pode-se) comprar bons livros".

A opção "e" é a única verdadeira.

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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

EMPREGO DO INFINITIVO

Sobre o uso do infinitivo (flexionado ou não), analise as alternativas abaixo:

I - Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzar o céu.
II - Os moradores estavam fartos de verem aviões cruzarem o céu.
III - Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzarem o céu.
IV - Os moradores estavam fartos de verem aviões cruzar o céu.

Qual a única opção verdadeira:

a) ( ) As alternativas I e III são as únicas verdadeiras.
b) ( ) A alternativa II é a única verdadeira.
c) ( ) As alternativas III e IV são as únicas verdadeiras.
d) ( ) A alternativa IV é a única verdadeira.
e) ( ) Somente a alternativa I não é verdadeira.

Resposta: Somente as alternativas I e III estão corretas; portanto, a opção "a" é a verdadeira.

O emprego do infinitivo (flexionado ou não) é matéria da língua portuguesa que gera muitas dúvidas, principalmente porque o tema em questão não é completamente consensual.

Vale anotar, preliminarmente, que a diferença entre "emprego do infinitivo" e "concordância verbal" está exatamente na possibilidade de se empregar o verbo com o "r" final. Analisemos os seguintes exemplos:

Gizelle e Jussara discordaram do posicionamento oficial.
Gizelle e Jussaram pretendiam discordar do posicionamento oficial.

Note que, na primeira frase, não é possível o verbo terminar em "r", ao passo que na segunda, sim. Outros exemplos:

Os moradores viram os aviões.
Os moradores viram os aviões cruzarem o céu.

Temos, na primeira frase, um tema de concordância verbal, enquanto na segunda, de emprego do infinitivo. Perceba que a última frase também pode ser construída assim:

Os moradores viram os aviões cruzar o céu.

Enfim, sempre que seja possível conjugar o verbo no infinitivo não flexionado (com o "r" no final, temos um assunto de "emprego do infinitivo" e não de "concordância verbal").

Não iremos, neste momento, trazer uma exposição detalhada das principais regras, visto que nos deteremos à explicação do problema aqui proposto.

Vamos recordar as duas frases verdadeiras propostas no problema:

Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzar o céu.
Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzarem o céu.

A primeira observação é com relação à construção "estavam fartos de ver", que permaneceu inalterada nas duas frases. O verbo "ver" não flexionou porque o  infinitivo complementou um adjetivo (fartos). Assim, sempre se diz:

Eles são capazes de vencer. (e não capazes de vencerem)
Eles estão dispostos a lutar. (e não dispostos a lutarem)

Nota 1: Quando ocorre a voz passiva, é possível as duas formas:

Os médicos estavam com medo de ser contaminados.
Os médicos estavam com medo de serem contaminados.

Nota 2: Quando o infinitivo está na voz reflexiva, é de rigor o infinitivo flexionado:

Eles e elas estão dispostos a se reconciliarem. (e não dispostos a se reconciliar)

A segunda observação é com relação as construções "aviões cruzar o céu" e "aviões cruzarem o céu".

Temos, aqui, um típico exemplo onde é possível flexionar ou não o infinitivo, visto que o sujeito do infinitivo é um substantivo:

aviões (substantivo); cruzar/cruzarem (infinitivo)

Note que "cruzar/cruzarem" irá concordar com o substantivo "aviões". De igual modo, são corretas as seguintes construções:

As damas antigamente mandavam os cavaleiros correr aventuras. (Rebelo da Silva)

As damas antigamente mandavam os cavaleiros correrem aventuras.

Os salários altos fazem os preços subir.

Os salários altos fazem os preços subirem.

Eles viam os anos passar depressa.

Eles viam os anos passarem depressa.

Nota 3: Se o verbo é reflexivo, melhor flexionar o infinitivo:

Eles viriam os galhos inclinarem-se para dentro do prédio. (e não inclinar-se)

Você já deve ter percebido que os verbos em destaque sempre se referem a um substantivo. Mas vejamos:

Em:

Os anos passam depressa.

não temos um caso de emprego do infinitivo e sim de concordância verbal, mesmo sabendo que a conjugação "passam" se refere a um substantivo (Os anos), e, portanto, não se verifica a possibilidade de "Os anos passar depressa" e sim "Vemos os anos passar/passarem depressa".

Neste último exemplo, o infinitivo tem sujeito próprio, diverso do sujeito da oração principal:

Sujeito da oração principal: nós
Sujeito do infinitivo: os anos.

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sábado, 15 de outubro de 2011

MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS - ((NOVO))

Nota introdutória: A presente postagem aborda, especificamente, os usos das iniciais maiúsculas e minúsculas segundo o teor do novo Acordo. Antes já havíamos postado sobre o tema, mas agora decidimos transcrever toda a Base XIX do Acordo, que será minuciosamente comentada, conforme se verá abaixo.

Os textos de verde e azul são aqueles que estão no Acordo, ao passo que os de cor preta (em negrito ou não) são de autoria do blog.


DAS MINÚSCULAS E MAIÚSCULAS

1º) A letra minúscula inicial é usada:

a) Ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes.

Comentário do blog: Isto significa dizer que a inicial maiúscula (e não a minúscula) deverá ser usada somente nos casos obrigatórios ou facultativos.

b) Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera.

Comentário do blog: São erradas, portanto, construções do tipo:

“Fortaleza, 30 de Setembro de 2011”.
“Mariana curte a Primavera, assim como Ricardo aprecia o Verão”.

Observação: A inicial maiúscula é de rigor somente se a palavra em questão estiver iniciando a frase ou integrar o nome de uma rua:

Dezembro, mês do aniversário de minha filha”.

"Ele mora na rua 15 de Novembro".

c) Nos bibliónimos/bibliônimos (após o primeiro elemento, que é com maisúcula, os demais vocábulos, podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor do paço de Ninães, O Senhor do paço de Ninães, Menino de engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e Tambor.

Comentário do blog: Bibliônimos são, em termos gerais, os nomes dos livros (= os títulos dos livros, revistas e afins). Pela convenção aqui retratata, somente é obrigatório o uso de inicial maiúscula na primeira palavra e nos nomes próprios contidos no título.

Não se exige mais, portanto, a inicial maiúscula em todas as palavras que compõem o título de obra: Novíssima gramática da língua portuguesa ou Novíssima Gramática da Língua Portuguesa; História da Inteligência Brasileira ou História da inteligência brasileira.

Observação: Não serão maiusculizados os seguintes vocábulos: o, os, a, as, e, às, com, em, na, nas, de, da, do, das, dos, pelo, pela, para, sobre, é, etc., a menos que iniciem o título do livro.


d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.

Comentário do blog: Só é admissível o emprego da inicial maiúscula quando houver a personificação, a título de exemplo, como encontramos num exemplo citado no Manual de Redação da Presidência da República. Na ocasião, consta Fulano de Tal (sem o itálico), fazendo as vezes de uma autoridade, a quem era endereçado um ofício. Nas demais situações, usa-se a inicial minúscula.


e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul (mas: SW sudoeste).

Comentário do blog: Não confundir com as regiões administrativas de um país, em cuja situação a inicial é maiúscula. Vejamos alguns exemplos onde devemos empregar a inicial minúscula:

Exemplo 1: “Fabiana por pouco não se perdeu na floresta; foi salva graças à bússola, que a orientou rumo ao sul, para onde deveria se dirigir”.

Exemplo 2: “Renato bem que recomedou fosse a bússola usada com os pontos cardeais com letra grande e bem visível: norte, sul, leste, oeste”.

Exemplo 3: “A técnica judiciária redigiu o mandado de intimação, em cujo expediente fez questão de mencionar os limites do terreno objeto do litígio: ao leste: com terras de José; ao oeste: com terras de Maria; ao sul: com terras de Pedro; ao norte: com terras de Helena”.

Observação: Não confundir com a convenção a que faz menção o parágrafo 2º, item “g”, mais adiante.


f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste caso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena).

Comentário do blog: Axiônimos são palavras corteses de tratamento, a exemplo de senhor, doutor, excelência. Hagiônimos, por sua vez, são palavras sagradas, a exemplo de santo e santa.

Reside, neste dispositivo, uma celeuma até então sem consenso. Há quem defenda que a expressão “opcionalmente, neste caso” seja uma menção exclusivamente aos hagiônimos, o que faria com que os axiônimos fossem usados somente com a inicial minúscula.

Ante a falta de um consenso, parece existir, atualmente, a seguinte tendência: empregar Vossa Excelência (e afins: Vossa Senhoria, etc.) com iniciais maiúsculas (mas admite-se a minúscula também), e doutor, senhor (e afins: senhora, etc.) com inicial minúscula, salvo em situações excepcionais, neste último caso, como as seguintes:

Exemplo 1: Quando usado como vocativo, nos documentos oficiais: Senhor Juiz, Senhora Juíza, Senhor Secretário, Senhora Diretora, etc.

Exemplo 2: Quando usado no endereçamento de documentos oficiais: A Sua Excelência o Senhor, etc.

Exemplo 3: Quando se pretende dar real ênfase à autoridade mencionada no corpo do documento. Há uma tendência para não mais se usar a maiúscula nesta acepção.

Quanto aos hagiônimos, há também uma tendência para o uso da inicial minúscula (santa Helena, santo Antônio, etc.), a menos quando abreviado (S. Antônio).

Observação 1: Como o texto do Acordo não faz menção explicitamente, fica subentendido que tais nomes devem ser usados com a inicial minúscula, salvo se iniciam uma frase ou quando usados:

1 - Como vocativos (Senhor Desembargador).

2 - Nos endereçamentos de documentos oficiais:

Ao Senhor
José Alfabeto e Letrado
Perito

Observação 2: Quando os nomes estão abaixo da assinatura, em documentos oficiais:

____________________________
José Alfabeto e Letrado
   Perito Nomeado

Nota: Tanto o nome do subscritor quanto sua profissão devem ficar no mesmo nível de destaque. Assim, ou os dois ficam em negrito ou totalmente maiusculizados, ou ainda sem nenhum dos dois destaques. Evite-se o itálico.

Observação 3: O adjetivo que compõe a nomenclatura do cargo deve concordar com o substantivo que o precede. Deste modo, assinalamos técnica judiciária e agente administrativa (quando pessoas do sexo feminino). Exemplo:

“Eu, Maria Feliz, analista judiciária, redigi o presente mandado; eu, Pedro Objeto, diretor da Secretaria, subscrevo-o”.

Nota: Evite o itálico em tal situação.

Observação 4: A concordância a que nos referimos na observação anterior não deve ser levada em conta quando se faz menção ao cargo, citado de forma generalizada, como nos seguintes exemplos:

“Maria Feliz fez o concurso para o cargo de analista judiciário”.

“Eis o que consta da ficha: Cargo: analista judiciário. Função: assistir diretamente o juiz em suas decisões”.

Observação 5: No corpo de um texto, seja oficial ou não, é admissível o emprego da inicial minúscula em nomes que designam altas autoridades. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, por exemplo, deixou claro que adotará tal postura.

Exemplo 1: “O ministro da Educação fará um discurso em nome do governo”.

Exemplo 2: “A presidenta da República visitou o país onde nasceu seu genitor”.

Exemplo 3: “Conforme explicou o secretário de Estado, o governador não irá voltar atrás”.

Observação 6:  Em relação ao vocábulo "papa", use a inicial minúscula quando empregado em sentido geral ou quando acompanhado do nome do titular a que se reporta o respectivo cargo:

Exemplo 1: "O papa Bento XVI era o braço inseparável do papa anterior".

Exemplo 2: "O Papa irá visitar muitos países de tradição católica".

Exemplo 3: "A tradição católica diz que Pedro foi o primeiro papa".


g) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português), matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas).

Comentário do blog: Era costume, antes da atual reforma ortográfica, o uso da inicial maiúscula em tal situação, principalmente em medicina e direito, cujos guardiães eram os operadores do direito, que insistiam em manter a inicial maiúscula, apesar da imprensa já vir empregando as duas opções. Hoje, é indiferente: “Paula cursa medicina; João, direito”.

É possível, ainda, a seguinte construção: “O juiz de direito acabou de prolatar a sentença”, com o “j” e o “d” minúsculos.


2º) A letra maiúscula inicial é usada:

a) Nos antropónimos/antropônimos, reais ou fictícios: Pedro Marques; Branca de Neve, D. Quixote.

Comentário do blog: Aqui não há muito o que se comentar, ante a clareza do texto. Nomes próprios de pessoas, reais ou fictícias, são escritos com a inicial maiúscula, incondicionalmente.


b) Nos topónimos/topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de Janeiro; Atlântida, Hespéria.

Comentário do blog: Agora tratamos sobre nomes próprios de lugares, e, como já exposto no enunciado do Acordo, tais nomes, sejam eles reais ou imaginários, são escritos com a inicial maiúscula. Assim, Céu, Inferno, Purgatório, Hades (e afins: Seol, etc.) são maiusculizados em suas respectivas letras iniciais.

Observação 1: “Céu” e “Inferno” devem ter a inicial minúscula em acepções como as que seguem:

Exemplo 1: “Olhei para o céu e contemplei um azul quase inédito”.

Exemplo 2: “As aves voam no céu, e aqui contemplamos a perfeita harmonia”.

Exemplo 3: “A fome era tanta, que José feriu o céu da boca … com o garfo”.

Exemplo 4: “Hoje o trânsito está um caos, um verdadeiro inferno”.

Observação 2: Os nomes comuns antepostos a nomes próprios de acidentes geográficos podem ser escritos com a inicial maiúscula ou minúscula, exceto se o nome anteposto fizer parte da nomenclatura do “acidente geográfico”:

Exemplo 1: Baía de Guanabara ou baía de Guanabara; Rio Amazonas ou rio Amazonas; Riacho Ipiranga ou riacho Ipiranga; Rio São Francisco ou rio São Francisco; Lagoa Rodrigues de Freitas ou lagoa Rodrigues de Freitas; Ilha do Bananal ou ilha do Bananal; Serra do Mar ou serra do Mar; Pico da Neblina ou pico da Neblina; Estreito de Gilbratar ou estreito de Gilbratar; Oceano Atlântico ou oceano Atlântico, etc.

Mas: Mar Morto, Mar Vermelho, Trópico de Câncer, Hemisfério Sul, Trópico de Capricórnio, Hemisfério Norte, Círculo Polar Ártico, etc.

c) Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Neptuno/ Netuno.

Comentário do blog: Aqui entra o nome Satanás (e afins: Lúcifer, Capeta, Cão, Diabo).

Observação: Tais nomes têm a inicial minúscula em situações como as que seguem:

Exemplo 1: “Que vida satanás, dizia frequentemente!”. (= Que vida ruim, maldita)

Exemplo 2: “Para com isso; que diabo!” (= Que coisa chata)

d) Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdência Social.

Comentário do blog: Entram na relação quaisquer órgãos públicos ou estabelecimentos particulares: Secretaria de Educação, Padaria do João Letreiro, Farmácia Leve Agora, etc.

Observação 1: Quando se pretende escrever o nome por extenso e sua respectiva sigla, esta deve vir depois, separada por parênteses ou travessão (neste caso, com uma vírgula no final da sigla):

Exemplo 1: “O aposentado se dirigiu ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) como se estivesse indo ao próprio velório”.

Exemplo 2: “O aposentado se dirigiu ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, como se estivesse indo ao próprio velório”.

Obervação 2: Usados em sentido geral, sem especificar o órgão ou estabelecimento, usa-se a inicial minúscula:

Exemplo 1: “O aposentado foi ao banco sacar seu dinheiro”.

Exemplo 2: “Foi à padaria: fez questão de repetir o velho hábito”.

Exemplo 3: “Como Patrícia estuda no Colégio Passe Agora, suponho que ela tenha ido ao referido colégio antes de viajar”.

Exemplo 4: “Dona Francisca comprou essa roupa nas Lojas Finas; só poderia ter sido lá mesmo: era fina como a própria loja”.

Exemplo 5: “Fui ao mercado; depois, à loja do Barbosa”. (Neste caso, está subentendido que o nome da loja não é “Loja do Barbosa”; caso contrário, a inicial maiúscula seria de rigor.

Da mesma forma: “Vanessa se dirigiu ao banco Bradesco”, porquanto o referido banco está registrado somente como “Bradesco”).

Observação 3: Escreva “Fui à padaria do João Letreiro”, com o “p” minúsculo, caso o vocábulo “padaria” não integre o nome de registro oficial.


e) Nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos.

Comentário do blog: Antes do Acordo havia a determinação no sentido de se usar a inicial minúscula em palavras que designassem festas pagãs ou populares.

Pelo dispositivo acima, é possível interpretar que tal exceção perdeu seu valor. Ainda assim, encontramos em gramáticas respeitadas, como a de Cegalla e a de Bechara, a recomendação no sentido de se manter a prescrição anterior.

Parece que tal interpretação não se sujeita ao espírito do legislador, de modo que recomendamos seja observada a atual convenção, que não faz referência a sequer uma exceção. Assim, optamos por escrever, por exemplo, Carnaval.

f) Nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado de São Paulo (ou S. Paulo).

Comentário do blog: Entram, nesta relação, os títulos de livros. Exemplo: Moderna Gramática Portuguesa, História da inteligência brasileira, etc.

Conforme vimos no item “c” do primeiro parágrafo, somente a inicial deve ser maiúscula, uma vez que às demais é facultada a opção pela minúscula. Pelo presente dispositivo (item “f”) interpretamos que o itálico deve ser usado nos títulos de periódicos e demais obras literárias.

Observação 1: As siglas também ficam em itálico: “Acabei de comprar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp): um excelente investimento”.

Observação 2: O itálico é usado, ainda, para destacar uma ou mais palavras (ou expressões), as quais estão sendo empregadas como exemplo, para fins pedagógicos.

Nesta acepção, basta verificar os exemplos trazidos nos dispositivos desta Base (XIX), bem como aqueles expostos pelo comentário do blog. As palavras e expressões estrangeiras também são escritas em itálico, desde que não intercaladas por aspas.

Evite-se o emprego do itálico e aspas simultaneamente.


g) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente, por oriente asiático.

Comentário do blog: “Absolutamente” significa, aqui, a clara referência a uma região administrativa de um estado ou país. Quando digo “Moro no Nordesde do Brasil”, estou me referindo à região administrativa (nove estados).

Por outro lado, se escrevo “Vou ao sul do país”, quero dizer unicamente que penso em ir à parte sul do país, não necessariamente a um dos três estados que compõem a região administrativa chamada Sul.

Da mesma forma: “O mar banha, com gosto e ênfase, o oriente brasileiro”. E ainda: “Acredita-se, no Ceará, que a chuva que vem do sul é mais produtiva, mais destrutiva, mais forte”.

Perceba, no último exemplo, que sul significa a parte sul de onde se está, e não o Sul do país.

Observação 1: Meio-Dia está com as iniciais maiúsculas porque o referido composto é o nome de uma região da França.

Observação 2: Remetemos o leitor ao item “e” do primeiro parágrafo do presente Acordo.

h) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente regula­das com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H­2O, Sr., V. Exª.

Comentário do blog: Interpretamos, aqui, a obrigatoriedade do uso da inicial maiúscula em abreviaturas cujas respectivas palavras sejam usadas não somente com a inicial maiúscula, mas também as minusculizadas. É o exemplo de Prof., cuja inicial de professor não é, necessariamente, maiúscula.

Assim, embora devamos escrever senhor, professor, doutor, suas respectivas abreviaturas têm a inicial maiúscula, incondicionalmente, como no seguinte exemplo: “Estarão presentes ao evento o Prof. Fabrício e o Dr. Prof. Amélio”.

Observação 1: Quanto aos dispositivos de uma lei (artigo, inciso, etc.), parece-nos que não há a obrigatoriedade da inicial maiúscula, a menos que iniciem a linha de um texto. Vejamos:

Exemplo 1: “O juiz fez menção ao art. 5º da Lei nº 9.099/95”.

Exemplo 2: “O juiz fez menção ao art. 3º, inc. I, da Lei nº 9.099/95”.

Observação 2: É recomedável que, em se tratando de dispositivos de lei, seja usada a forma por extenso:

Exemplo 1: “O juiz fez menção ao artigo 5º da Lei nº 9.099/95”.

Exemplo 2: “O juiz fez menção ao artigo 3º, inciso I, da Lei nº 9.099/95”.

Observação 3: Use a inicial maiúscula nos vocábulos lei, portaria, regulamento (e afins), se os mesmos vierem acompanhados do respectivo número. A mesma regra vale para os expedientes judiciários (mandado de intimação, mandado de citação, carta de intimação, carta de citação, etc.) e para os documentos de identificação pessoal, desde que não abreviados (certidão de nascimento, certidão de casamento, CPF, etc.). Caso contrário, use a inicial minúscula:

Exemplo 1: “O juiz se reportou à Lei 9.099/95”.

Exemplo 2: “O juiz proferiu sua sentença com base em lei”.

Exemplo 3: “O advogado fez menção à Portaria 18/2011 ”.

Exemplo 4: “O juiz proferiu sua sentença com base em portaria do tribunal”.

Exemplo 5: "A colega acabou de expedir o mandado de averbação".

Exemplo 6: "A colega acabou de expedir o Mandado de Averbação 15/2011".

Exemplo 7: "A Secretaria da Vara se reportou à carta de intimação, ao mandado de citação e ao alvará judicial".

Exemplo 8: "Conforme o Alvará Judicial nº 55/2011".

Exemplo 9: "O réu se fez presente portando seu CPF e sua certidão de casamento".


i) Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierar­quicamente, em inicio de versos, em categorizações de logradouros públicos: (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha).

Comentário do blog: Pelo dispositivo, vimos que é indiferente o uso da inicial maiúscula ou minúscula em vocábulos como igreja, rua, avenida, bairro, praça: “Praça da Sé” ou “praça da Sé”; “Avenida Rio Branco” ou “avenida Rio Branco”; “Palácio da Justiça” ou “palácio da Justiça”; “Edifício More Agora” ou “edifício More Agora”, etc.

Observação 1: O famoso dicionário Houaiss adota Igreja católica apostólica romana, com todas as iniciais minúsculas, exceto a de Igreja.

Observação 2: Diz-se: “Marília frequenta uma igreja evangélica”, com todas as iniciais minúsculas. Porém: “Marília frequenta a igreja Presbiteriana do Brasil” (ou Igreja Presbiteriana do Brasil).

Observação 3: O vocábulo “Centro”, referindo-se a bairro, é escrito com a inicial maiúscula:

Exemplo: "Roberta mora na Rua João Maria, 15, Centro, Aquiraz (CE)".

Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente.

Comentário do blog: Conforme está bem explícito no texto, o Acordo ressalvou a possibilidade do emprego das iniciais maiúsculas e minúsculas fugir às regras aqui convencionadas, desde que oriundas “de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente”.


PARA LER SOBRE O QUE ESCREVEMOS ACERCA DA ORIGEM DE ALGUMAS INICIAIS MAIÚSCULAS, ACESSE:

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sábado, 8 de outubro de 2011

MARCHA A RÉ ou MARCHA À RÉ? VALE A PENA OU VALE À PENA? ANTE O EXPOSTO ou ANTE AO EXPOSTO? QUANTO A ou QUANTO À?

As construções corretas são as seguintes:

Marcha a ré; vale a pena; ante o; quanto à.

Assim, não se diz: "Ante ao exposto" (muito frequente em sentenças judiciais), e sim "Ante o exposto".

"Ante" e "a" são preposições distintas e não se admite o emprego de uma imediatamente posposta à outra.

Em "ante a", não se pode falar em locução prepositiva, pois esta é formada, em geral, por um advérbio (ou locução adverbial) seguido da preposição a, de ou com. As únicas exceções são de per sipara com e até a (esta em situações para se evitar ambiguidade).

Em "quanto à/ao", temos uma locução prepositiva + o emprego do(s) artigo(s) a/o:

"Quanto à solenidade, a esta não irei". (= Quanto a + a)
"Quanto ao evento, a este não irei". (= Quanto a + o)

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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

TRANSLINEAÇÃO DE PALAVRAS HIFENIZADAS

Diz o § 6º da Base XX do Acordo Ortográfico:

"Na translineação de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um hífen, ou mais, se a partição com o final de um dos elementos ou membros, deve, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex- -alferes, serená- -los- -emos, vice- -almirante".

Em outras palavras, sempre que uma palavra com hífen for escrita em duas linhas (no final de uma e no início da linha imediatamente posterior), deve-se colocar o hífen no final e no início das respectivas linhas.

Exemplificando:

Dizem que o presidente da República, quinze senadores e o ex-
-ministro da Fazenda discordaram das últimas informações dos jornais.

Notícias internacionais dão conta de que o ex-primeiro-
-ministro pretende voltar ao poder.

Notícias internacionais dão conta de que o ex-
-primeiro-ministro pretende voltar ao poder.


Observe que em cada frase as palavras destacadas são escritas no final da linha com um hífen e são antecedidas de um hífen na linha imediatamente posterior.

Não havendo hífen, inexiste a necessidade do mesmo no início da segunda linha:

Notícias internacionais dão conta de que o mi-
nistro pretende voltar ao poder.

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terça-feira, 20 de setembro de 2011

MOTO TÁXI, MOTOTÁXI ou MOTO-TÁXI? MOTO TAXISTA, MOTOTAXISTA ou MOTO-TAXISTA?

Em outra postagem vimos que é comum encontrarmos a escrita auto escola (ou mesmo auto-escola), quando o correto é autoescola - erro, por sinal, ainda existente no art. 154 do Código de Trânsito Brasileiro.

Comum é também encontrarmos moto táxi (e moto taxista), moto-táxi (e moto-taxista), mas o correto é mototáxi e mototaxista.

Caso sua empresa de mototáxi esteja registrada com a escrita errada, não há a necessidade de alteração, ante a Base XXI do Acordo Ortográfico, que dispõe:

"Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume ou registro legal, adote na assinatura do seu nome. Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registro público".

LEIA TAMBÉM:

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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O Senhor ou O senhor? O Sr. ou O sr.?

O presente questionamento decerto é algo que incomoda muita gente, e há motivos para tanto. Salvo raras exceções, o tema não é abordado de forma clara pelas gramáticas, e os livros convencionais geralmente fazem silêncio sobre o assunto. Afinal, devemos usar "Senhor/Sr." (com inicial maiúscula) ou "senhor/sr." (com inicial minúscula)?

Para responder a essa pergunta, vamos nos limitar a duas obras: o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, produzido pela Academia Brasileira de Letras e a Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara.

Sobre a forma por extenso Senhor/senhor, O Volp se limita a dizer que "A letra minúscula inicial é usada nos axiônimos"*, e traz como único exemplo (no caso em questão) "senhor doutor Joaquim da Silva".

Quanto à abreviatura, o próprio Volp diz que a inicial deve ser maiúscula: "Sr." e não "sr."

Assim, com base no entendimento da ABL (Base XIX, § 1º "f" e § 2º "h" do Acordo Ortográfico), se eu emprego a forma por extenso, devo usar a inicial minúscula (senhor) e se abreviada, a inicial maiúscula (Sr.). Não use o itálico, salvo em citações ou destaque (como o fiz aqui).

Evanildo Bechara, respeitável gramático e membro da Academia Brasileira de Letras, diverge em apenas um ponto: diz que a forma por extenso pode ter a inicial maiúscula ou minúscula. Quanto à abreviatura, ele também defende que só a inicial maiúscula deve ser usada.


Em resumo, temos:

Academia Brasileira de Letras:

O senhor Joaquim virá hoje.
O Sr. Joaquim virá hoje.

Evanildo Bechara:

O Senhor Joaquim virá hoje. (= O senhor Joaquim virá hoje.)
O Sr. Joaquim virá hoje.

Cabe ainda uma última observação: nos documentos oficiais ou estilo epistolar, a inicial maiúscula deve ser usada, sem exceção:

Prezado Senhor Joaquim

A Sua Excelência o Senhor

Senhor Diretor


Sobre o uso de iniciais maiúsculas e minúsculas, acesse:

http://portuguesdidatico.blogspot.com/2010/05/uso-da-inicial-maiuscula-postagem.html

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* Segundo o Dicionário Aulete, axiônimo é o "nome das palavras que constituem formas corteses de tratamento, expressões de reverência, títulos honoríficos, etc.".

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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CRÊ OU CRER?

O infinitivo pode ser flexionado ou não. Quando se usa crê, o verbo está flexionado, ao passo que a forma crer não apresenta flexão. Ou seja, sempre que o verbo se apresenta numa frase com o "r" no final, temos um infinitivo não flexionado.

Dúvidas frequentes são relatadas em relação ao emprego de crê e crer, assim como em relação às formas e ver.

Tomemos como exemplo um famoso sermão de Agostinho: "Entende para crer, crê para entender" (originalmente escrito em latim: "Intellige ut credas, crede ut intelligas").

Como saber exatamente se devo escrever crer ou crê?

A melhor dica é substituir as referidas formas por outros verbos. Vamos utilizar a pŕopria frase de Agostinho: "Entende para crer, crê para entender".

Fazendo a devida substituição temos: "Entende para acreditar, acredita para entender".

Com se vê, a forma flexionada ou não flexionada permanece inalterada, mesmo havendo a substituição do verbo.

Notemos outro exemplo:

Quem crê na ressurreição de Cristo, certamente tem motivos de sobra para crer na própria ressurreição.

Vamos substituir as formas verbais em questão:

Quem acredita na ressurreição de Cristo, certamente tem motivos de sobra para acreditar na própria ressurreição.

Percebe-se que, onde tínhamos crê, temos acredita (ambos sem o "r" no final), enquanto no lugar de crer temos acreditar (ambos com o "r" no final).

Assim, para se evitar um possível erro na escrita, faça antes uma substituição mental, de modo que fique claro o emprego adequado. O mesmo método vale para LÊ e LER.
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Sobre as forma e ver, acesse:
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sábado, 3 de setembro de 2011

LAVA JATO, LAVA-JATO, LAVA À JATO OU LAVA A JATO?

A primeira coisa que se deve ter em vista na hora de responder à pergunta em questão é saber se o que está sendo colocado é uma referência ao avião movido a propulsão ou ao estabelecimento próprio para lavar carros com a utilização de jato.

Então vamos por parte.

De cara já descartamos "lava à jato", uma vez que não se usa crase antes de nomes masculinos.

O Dicionário Aurélio traz, dentre outros significados, o conceito de jato: "saída impetuosa de um líquido ou de um gás".

"A jato" é uma locução adverbial (sem crase porque esta não é usada antes de nomes masculinos). Assim, lavar a jato significa "lavar algo utilizando um objeto que provoca a saída impetuosa de água".

Tratando-se, portanto, do estabelecimento próprio para lavar veículos, o correto é "lava a jato":

Fabiana preferiu antes deixar o carro no lava a jato, e em seguida fazer a viagem tão sonhada.

Quanto à formação "lava-jato", vale lembrar que uma das regras da formação dos compostos afirma que há o emprego do hífen na composição "verbo + substantivo".

Assim, se escrevo "lava-jato", estou me referindo hipoteticamente a um estabelecimento para lavar aviões ou a algum objeto com tal finalidade  (sem, contudo, haver a utilização de saída impetuosa de água), embora nem o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa nem os dicionários registrem tal composto. Exemplos:

Seu José tem um lava-jato.

Não se está afirmando aqui que a lavagem é por meio de jatos, mas unicamente que o estabelecimento ou o objeto é especificamente para se lavar aviões. Vale reforçar que tal vocábulo não existe, mas é possível aplicá-lo em tal situação.

Eu posso escrever "lava jato" somente em uma situação, como no exemplo abaixo:

O senhor João lava jato, e o faz com grande presteza. (ou seja, o senhor João tem a tarefa de lavar aviões, comumente chamados de jatos)

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domingo, 28 de agosto de 2011

AUTO ESCOLA, AUTO-ESCOLA OU AUTOESCOLA?

Depois do novo Acordo, o correto passa a ser autoescola (sem hífen). Antes da referida convenção, o hífen era obrigatório: auto-escola.

A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro, recomendava - acertadamente -, a presença do hífen (cf. art. 154 da citada lei). Mesmo assim, muitas autoescolas inscreviam em seus veículos Auto Escola, e, portanto, em desacordo com as regras gramaticais da época.

Hoje, em fase de transição do novo Acordo (que passa a valer como única regra a partir de 1º/1/2013), ainda persiste tal erro.

Para as autoescolas que foram legalmente registradas antes do Acordo com a escrita Auto-Escola ou Auto Escola, não há a obrigatoriedade da mudança na escrita, por força da Base XXI do citado Acordo, que dispõe:

"Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume ou registro legal, adote na assinatura do seu nome. Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registro público".

Com relação aos novos registros, é pertinente que sejam observadas as novas regras, tanto para nomes de pessoas, como para os casos descritos na Base XXI (transcrita acima) do Acordo, de modo que no registro deve haver a inscrição Autoescola e não mais Auto-Escola (e muito menos Auto Escola).

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O NENÉM OU A NENÉM? O BEBÊ OU A BEBÊ?

Não é estranho o fato de muitos pensarem que a mesma regra se aplica aos dois casos aqui retratados, de modo que os artigos masculino e feminino são usados indiferentemente antes dos substantivos neném e bebê.

Há, no entanto, uma diferença, sim!

"Neném" é um substantivo sobrecomum, o que o torna impossibilitado de admitir o artigo feminino como seu precedente.

Assim, são erradas as construções do tipo:

A neném está chorando sem parar.

Fabiana é uma neném linda.

O correto é:

O neném está chorando sem parar. (seja menino, seja menina)

Fabiana é um neném lindo.

Observação: Os dicionários Houaiss e Aulete admitem o substantivo neném como sendo comum de dois gêneros, e portanto, aceitam o mesmo tratamento dado ao substantivo bebê. O Aurélio, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e o gramático Cegalla, no entanto, insistem na diferença e discordam do Houaiss e do Aulete.

"Bebê", por sua vez, é um substantivo comum de dois gêneros, e como tal, admite os artigos masculino e feminino:

A bebê (ou o bebê) está chorando sem parar.

Fabiana é uma bebê linda.

Rodrigo é um bebê inteligente.

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sábado, 20 de agosto de 2011

A USUCAPIÃO OU O USUCAPIÃO?

As duas formas são corretas. Até bem pouco tempo o substantivo era considerado somente masculino, tanto que os dicionários assim o retratavam.

A 5ª Edição do Vocábulo Ortográfico da Língua Portuguesa, produzido pela Academia Brasileira de Letras, afirma que o substantivo em questão é de fato masculino e feminino.

O mesmo posicionamento pode ser visto nos dicionários, a exemplo do Aurélio e Caldas Aulete.

O vocábulo usucapião é, portanto, um substantivo comum de dois gêneros, e como tal, admite o artigo masculino e o feminino:

Somente com a usucapião é que Maria adquiriu a propriedade do imóvel. (ou seja, através da ação de usucapião)

Somente com o usucapião é que Maria adquiriu a propriedade do imóvel. (ou seja, através do processo de usucapião)

TALVEZ OS TEMAS ABAIXO POSSAM LHE INTERESSAR (clique sobre os nomes):

pérfuro-cortante ou perfurocortante?

infanto juvenil, infanto-juvenil ou infantojuvenil?

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

SALÁRIO MÍNIMO ou SALÁRIO-MÍNIMO?

Tratando-se da remuneração estabelecida em lei, não se usa o hífen:

A presidenta anunciará o novo valor do salário mínimo.

Segundo os dicionários e a Academia Brasileira de Letras, salário-mínimo (com hífen) significa "o trabalhador que percebe um salário mínimo":

O salário-mínimo fez greve para receber pelo menos dois salários mínimos. (= O trabalhador fez greve...)

Não confundir com salário-base, salário-hora e salário-família, que devem usar o hífen, uma vez que o mesmo é exigido na sequência substantivo + substantivo.

Já em salário mínimo, embora o hífen deva ser usado quando houver substantivo + adjetivo, o adjetivo mínimo não perdeu seu sentido original.

Alertamos para o fato de que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa traz salário-mínimo (com hífen), mas, conforme dissemos acima, tal acepção é aquela referente ao trabalhador que recebe um salário mínimo. A própria ABL já confirmou isto.

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sábado, 13 de agosto de 2011

HISTÓRIA OU ESTÓRIA?

A palavra estória, comumente aceita como sendo um relato de fatos não comprovados ou fictícios, fora designada para tal fim no início do século XX por um acadêmico brasileiro, mas sem respaldo etimológico.

Etimologistas dizem, no entanto, que tal neologismo é uma frescura estilística, uma vez que, na língua portuguesa, não há razão linguística para adotá-lo, mesmo quando se queira diferenciá-lo de história.

Envolto pela tradição folclorística do termo, o conhecido escritor Guimarães Rosa acabou publicando, em 1962, um livro com o título Primeiras Estórias.

O Aurélio, 4ª Edição, também condena o verbete estória: "Recomenda-se apenas a grafia história, tanto no sentido de ciência histórica, quanto no de narrativa de ficção, conto popular, e demais acepções".

Portanto, segundo recomendação etimológica, não se deve usar o termo estória, mesmo em se tratando de evento fictício.

Erros de português são encontrados inclusive por parte de quem julgamos incapazes de cometê-los.

Alguns modernistas brasileiros, tendo à frente o poeta Mário de Andrade, defendiam que uma frase poderia ser iniciada por um pronome átono, ao contrário do que dizia - e ainda diz - a regra gramatical pertinente ao caso.

Eles defendiam, deste modo, que frases do tipo "O vi hoje", são corretas. Ou ainda "As conheci há pouco". A reação não demorou a chegar, o que fez os modernistas recuarem, com exceção de Mário de Andrade, que mesmo diante das ponderações de Manuel Bandeira, preferiu continuar no erro.

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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

AS DIVERSAS FORMAS DOS NUMERAIS SEREM ESCRITOS EM UM TEXTO

No site da Globo, de 8/7/2011, está registrado o seguinte:

"Quinze pessoas já foram ouvidas em inquérito sobre acidente aéreo na BA. Investigação ainda depende do resultado da perícia para ser concluída. Avião caiu no mar de Trancoso no dia 17 de junho e matou sete pessoas."

Temos, na manchete em questão, numerais escritos na sua forma numérica e outros por extenso. A pergunta é: havia outras possibilidades de escrita em relação aos números? No lugar de quinze, eu poderia usar 15? No lugar de 17, dezessete? No lugar de sete, eu poderia empregar 7?

São dúvidas corriqueiras. Vejamos:

Na escrita, é preferível escrever por extenso o número de apenas um dígito, no caso de 0 a 9 (somente três pessoas se inscreveram e não somente 3 pessoas se inscreveram), principalmente diante de palavras femininas (duas crianças e não 2 crianças). Tratando-se de números com dois ou mais dígitos, opte pela forma numérica, desde que a forma escrita tenha mais de uma palavra (28 livros e não vinte e oito livros; 45 acidentes e não quarenta e cinco acidentes). Se o número é escrito com uma só palavra (embora contenha mais de um dígito), posso usar, indiferentemente, a forma numérica ou por extenso (15 pacientes ou quinze pacientes, 900 casos ou novecentos casos).

Vejamos mais alguns exemplos – atente para o que está escrito entre os parênteses:

As duas crianças estão bem. (correto)
As 2 crianças estão bem. (não recomendado)

Os dois políticos confessaram o crime. (correto)
Os 2 políticos confesaram o crime. (não recomendado)

Débora tem, em seu quarto, 26 obras de arte. (correto)
Débora tem, em seu quarto, vinte e seis obras de arte. (não recomendado)

Com 90 anos de idade, Raquel ainda revela seu vigor. (correto)
Com noventa anos de idade, Raquel ainda revela seu vigor. (correto)

O noticiário dá conta de que 200 pessoas foram aprovadas. (correto)
O noticiário dá conta de que duzentas pessoas foram aprovadas. (correto)

Das 65 pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (correto)

Das 65 pessoas envolvidas no crime, 30 disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa e as 14 restantes preferiram o silêncio. (correto)

Das 65 pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa e as 14 restantes preferiram o silêncio. (correto)

Das 65 pessoas envolvidas no crime, 30 disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (correto)

Das sessenta e cinco pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; vinte e uma confessaram a culpa e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (não recomendado)

Das 65 pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; vinte e uma confessaram a culpa e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (não recomendado)

Compare:

Das 67 pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa; duas oscilaram em relação à confissão, e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (correto)

Das 67 pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa; 2 oscilaram em relação à confissão, e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (não recomendado)

* Note, nos dois últimos exemplos, que a não recomendação da segunda frase se dá exatamente por causa da utilização do numeral “2”, ao passo que na primeira delas o dito numeral foi escrito por extenso (duas).


Atenção: Tratando-se de ano, época histórica... é preferível usar a forma numérica: O historiador se reportou aos anos 40 como uma década sangrenta.

Indicação: Para ler mais sobre o emprego dos numerais em um texto, acesse:

http://portuguesdidatico.blogspot.com/2010/05/o-emprego-dos-numerais.html

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PEDIU PARA ELE SAIR, PEDIU QUE ELE SAÍSSE OU PEDIU PARA QUE ELE SAÍSSE?

Analise as frases abaixo e indique a única que melhor se acomoda à língua padrão:

a) ( ) Carla pediu que Gilberto saísse.
b) ( ) Carla pediu para que Gilberto saísse.
c) ( ) Carla pediu para Gilberto sair.

Resposta:  Segundo Evanildo Bechara, o adequado é "Carla pediu que Gilberto saísse"; logo, a opção "a" está correta. Assim, na frase "Carla pediu-lhe para sair", fica a dúvida sobre quem de fato irá sair, se quem fez o pedido, ou se um segundo personagem.

Bechara encerra a questão assim: "Para o gramático só pode ser a que faz o pedido, e, na realidade, todos, ou quase todos, os exemplos abonados dos bons escritores têm o mesmo sujeito para a oração de pedir e para a oração iniciada pela preposição para".

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terça-feira, 9 de agosto de 2011

DITONGO CRESCENTE e DECRESCENTE

Analise as seguintes proposições:

1 - médio, mandioca, calvície e níveo;
2 - coelho, goela, nódoa, viu;
3 - áureo, níveo, fui, partiu;
4 - linguiça, miúdo, jeito, foice.

Das opções abaixo, qual a única verdadeira?

a) ( ) a proposição 1 tem somente um ditongo decrescente;
b) ( ) a proposição 2 tem dois ditongos crescentes e dois decrescentes;
c) ( ) a proposição 3 tem dois ditongos crescentes e dois decrescentes;
d) ( ) a proposição 4 tem três ditongos decrescentes.

Resposta: Vamos primeiro à classificação das palavras:

1 - médio (ditongo crescente), mandioca (ditongo crescente), calvície (ditongo crescente) e níveo (ditongo crescente);
2 - coelho (ditongo crescente), goela (ditongo crescente), nódoa (ditongo crescente), viu (ditongo decrescente);
3 - áureo (ditongo crescente), níveo (ditongo crescente), fui (ditongo decrescente), partiu (ditongo decrescente);
4 - linguiça (ditongo crescente), miúdo (ditongo crescente ou hiato), jeito (ditongo decrescente), foice (ditongo decrescente).

Analisando as quatro proposições, vemos que a opção "c" é a única verdadeira.

* Quando há "semivogal + vogal" numa mesma sílaba, então temos o ditongo crescente. Quando há "vogal + semivogal", temos o ditongo decrescente.

* As semivogais são "i" e "u". Ocasionalmente, "e" e "o" funcionam como semivogais.

* As semivogais "i" e "u" são assilábicas (sempre). É por isto que em "viu", o "i" não é semivogal, visto ser silábica, ou seja, é pronunciada com maior tonicidade, o que faz da palavra um ditongo decrescente e não crescente. O mesmo fenômeno é presenciado em "fui", sendo que o "u" não é semivogal, por ser tônico.

* Em "níveo" e "coelho", não temos a presença das semivogais "i" e "u". No caso, "e" (em "níveo") e "o" (em "coelho") funcionam como semivogais. Aqui, não é necessário observar a tonicidade, de sorte que se elas antecedem a vogal, temos o encontro "semivogal + vogal", suficiente para classificar a palavra como ditongo crescente. Veja-se, para efeito de maior esclarecimento, a palavra "coelho", que registra o encontro de "o" e "e", ditos semivogais (em certos casos). Na palavra aqui retratada (coelho), somente o "o" funciona como semivogal, exatamente porque vem primeiro.

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MELHOR OU MAIS BEM?

Analise as opções abaixo e indique as duas que estão de acordo com a língua padrão:

I - Os professores estão melhor preparados.
II - Os professores estão mais bem preparados.
III - Os professores estão melhores preparados.
IV - Ninguém conhece melhor os interesses dos professores...
V - Ninguém conhece mais bem os interesses dos professores...

Resposta: Use "mais bem" antes de adjetivos (= verbo no particípio: mais bem educado, mais bem ensinado, mais bem instruído, etc.). As proposições II e IV são as duas únicas que não contêm erro.

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AS REGÊNCIAS DOS VERBOS "INFORMAR" E "AVISAR"

Analise as seguintes proposições:

I - Informo-o de que não irei hoje, razão por que pedi que lhe avisasse com antecedência.

II - Tenho a honra de lhe informar que o aviso sobre o desfile ocorreu conforme o combinado.

III - Venho pelo presente informá-lo sobre o andamento dos autos, em cuja oportunidade peço-lhe sejam avisados os interessados acerca da referida situação processual.

IV - Pelo presente, informo a Vossa Excelência que o preso não cumpriu as determinações judiciais.

V - Avise-os sobre o ocorrido e não deixe de informá-los acerca das nossas pretensões.


Sobre o uso da regência dos verbos "informar" e "avisar", aponte a única alternativa que não contém erro.


a) ( ) Todas as frases estão corretas.
b) ( ) Todas as frases estão erradas.
c) ( ) Somente as frases III e V estão corretas.
d) ( ) Há somente duas frases erradas.
e) ( ) Somente as frases II e IV estão corretas.


Resposta: Os verbos "informar" e "avisar" pedem objeto direto de pessoa e indireto de coisa. Assim, o correto seria, por exemplo: "Informo-o de que não irei" ou "Avise-o sobre o ocorrido".

Evitem-se frases do tipo: "Informo-lhe que não irei" ou "Informo-lhe sobre o ocorrido" ou ainda "Informo a Vossa Excelência que não irei hoje".

As frases III e V são as únicas corretamente escritas; logo, a opção "c" é a resposta correta.

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BATER A PORTA, BATER À PORTA OU BATER NA PORTA?

Analise as proposições abaixo:

I - Furiosa, Sandra entrou no quarto e bateu a porta.
II - De manhã cedo, bateram à porta de dona Joana e lhe pediram socorro.
III - Para acordar Jussara, só batendo na porta dela com muita força.

Sobre o uso da regência verbal, aponte a opção verdadeira:

a) ( ) As três frases estão corretas.
b) ( ) Há somente uma frase com erro.
c) ( ) As frases I e III estão erradas.
d) ( ) Todas as frases estão erradas.

Resposta: Opção "a", as três frases estão corretamente escritas.

Temos, na primeira proposição, o significado de fechar a porta com força. Na segunda, bater junto à porta, a fim de que abram ou atendam. Já terceira, temos o significado de dar pancadas na porta ou esbarrar nela, uma vez que para acordá-la, era preciso bater na porta do quarto dela.
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domingo, 22 de maio de 2011

UMA BREVE HISTÓRIA DO USO DAS LETRAS MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS*

Diz-nos Evanildo Bechara que "A língua portuguesa é a continuidade ininterrupta, no tempo e no espaço, do latim levado à Península Ibérica pela expansão do império romano, no início do séc. III a.C."; mas é somente no século XIII d.C. que temos os primeiros documentos históricos em língua portuguesa, daí o porquê de se afirmar que ela se originou no citado século.

No latim clássico não havia a distinção entre maiúsculas e minúsculas, porquanto somente aquelas eram utilizadas. As minúsculas, por sua vez, surgiram apenas entre os séculos IV e VI d.C. e eram vistas como uma opção à parte e não uma complementação das maiúsculas.

Desta feita, era comum se usar um texto completamente com as letras maiúsculas ou completamente com as minúsculas.

A ideia de mesclar os dois tipos de letras surgiu na Idade Média, principalmente quando os mosteiros passaram a ser responsáveis pela reprodução de obras literárias, em cujo período o livro passa a ser visto como uma obra de arte, de sorte que não somente o conteúdo seria observado, como também os aspectos gráficos.

Em outras palavras, a aparência do livro passou a merecer uma atenção redobrada. Foi exatamente aqui que surge a junção da inicial maiúscula com as demais letras minúsculas que formam uma palavra. Convencionou-se que um texto redigido com todas as letras maiúsculas se tornava mais difícil de ser lido (eis um fato), razão por que optaram pelas minúsculas.

Houve, no entanto, alguns saudosistas do velho latim (que adotava todas as letras maiúsculas) que reivindicaram uma volta ao passado. Embora tenham perdido a causa, ganharam em outro aspecto: teria surgido daí a explicação para a utilização das iniciais maiúsculas em fatos históricos importantes, bem como em nomes próprios.

É por esta razão que ainda hoje adotamos as iniciais maiúsculas em alguns casos, como em palavras que designam fatos importantes (Dia do Trabalho, Dia das Mães, Reforma Protestante, Contrarreforma), visto que os medievais julgaram que os velhos tempos clássicos não deveriam ser esquecidos, assim como renascentitas idolatraram a Grécia e a Roma clássicas. Assim, escrevem-se Renascença e não renascença, Idade Média e não idade média, Dia de Finados e não dia de finados.

É depois de tais convenções que surge a pontuação na língua portuguesa. Aos poucos são incorporados alguns sinais vindos de outras línguas, como o asterisco - uma invenção alemã do século 19.

UMA BREVE HISTÓRIA DO LIVRO

A partir da década de 60 do século vinte a UNESCO considerou o livro "uma publicação impressa, não periódica, que consta de no mínimo 49 páginas, sem contar as capas".

Pode-se dizer que foi na Idade Média que ele sofreu os mais significativos progressos, tanto na parte interna como externa. Foi também no citado período que houve considerável aumento de leitores, fato este movido por um conjunto de fatores.

Foi na Idade Média que aconteceu a inserção da página. No século XIII foram confirmadas as novas mudanças técnicas que permitiram novo rosto e nova utilização do livro.

É exatamente no período que ficou conhecido como a "Idade das Trevas" que a pontuação é melhorada. As letras maiúsculas e minúsculas são divididas com finalidade bem distintas, diferentemente do que ocorria anteriormente, quando ambas eram usadas de forma desordenada.

Os livros ganham títulos e capítulos. Criam-se os índices de assuntos classificados em ordem alfabética. A paginação dos livros universitários ganham margens maiores, que se destinavam à aposição de comentários dos estudantes.

A Bíblia passou a ser impressa com capítulos e versículos. Primeiro aqueles, depois estes. Até então não se vislumbravam os textos bíblicos que contemplamos hoje.

Os copistas se multiplicaram e com eles as novas técnicas de reprodução (antes mesmo do surgimento da imprensa de Gutemberg. Surge o livreiro como o conhecemos atualmente.

Com o advento da universidade cresce consideravelmente o interesse pelo livro. É na Idade Média que desaparece a leitura em voz alta, uma vez que era tradição os alunos lerem como se o fizessem para uma plateia. Outro fator que destacou a história do livro foi o crescente número de traduções nas línguas vernáculas, ou seja, na língua de cada país.

*Textos extraídos de meu blog www.historiaesuascuriosidades.blogspot.com

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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Juiz de Direito, juiz de direito ou juiz de Direito?

Analise as seguintes proposições:

I - O Juiz de Direito prolatou a sentença na data prevista.
II - O juiz de direito prolatou a sentença na data prevista.
III - O juiz de Direito prolatou a sentença na data prevista.

Sobre o uso de iniciais maiúsculas e minúsculas, aponte a única opção verdadeira:

a) ( ) Somente a proposição I está correta;
b) ( ) Somente a proposição II está correta;
c) ( ) Somente a proposição III está correta;
d) ( ) As três proposições estão corretas;
e) ( ) Somente as proposições I e III estão corretas.

RESPOSTA: A alínea "g" da Base XIX do Acordo Ortográfico de 1990, afirma, textualmente, que as iniciais minúsculas são usadas "nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, também, com maiúsculas): português (ou Português), matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas)".

Os exemplos trazidos acima estão, como dissemos, textualmente na referida Base. A lição é clara: a prioridade é usar a inicial minúscula quando a palavra empregada designa um curso universitário, um domínio do saber, uma disciplina, embora não seja errado usar a inicial maiúscula, sendo esta obrigatória somente quando a palavra usada inicia uma frase.

Assim, é correto dizer que José faz medicina (ou José faz o curso de direito), como também é correto afirmar que José faz Medicina (ou José faz o curso de Direito), esclarecendo que é preferível, agora, usar a inicial minúscula, diferentemente de outrora, quando era de rigor usar somente a inicial maiúscula em tais situações.

No caso do problema apresentado pelo blog, há de se trazer alguns esclarecimentos. Pelo que se depreende da alínea "g" da Base XIX do novo Acordo, a opção "d" é a única que está correta, visto que as três proposições sugeridas são verdadeiras.

De tal modo, eu posso escrever O juiz de direito prolatou a sentença, assim como O Juiz de Direito prolatou a sentença, como também O juiz de Direito prolatou a sentença. Posso usar uma das três alternativas sem problemas, embora "Juiz de Direito" seja a mais conhecida.

E com relação ao "j" de juiz, por que ela pode ser maiúscula ou minúscula. Porque ela inicia o nome de uma profissão (juiz) e, pelas modernas regras gramaticais, nomes que designam profissão podem ter a inicial maiúscula ou minúscula, embora esta última é prioritariamente recomendada.

A opção por Juiz de Direito (com o "J' e o "D" maiúsculos), deve ser encorajada em documentos oficiais em que tal cargo seja exposto em situações como as que seguem abaixo:

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"Ofício nº 1/2011


A Sua Excelência o Senhor
Fulano Beltrano Sicrano
Juiz de Direito


Senhor Juiz de Direito,



Sirvo-me do presente para......."

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O mundo está mudando e a língua portuguesa também. Outrora, havia mil e uma recomendações em relação ao desuso de iniciais minúsculas. Hoje, diríamos, há uma inversão de tais recomendações. Palavras cujas letras são todas maiúsculas incomodam, são cansativas ao leitor. É crescente, nos mais modernos meios de comunicação, a preferência pela inicial minúscula.

Na próxima postagem, o blog trará um resumo histórico sobre o uso de iniciais maiúsculas e minúsculas. Tentará mostrar como se deu o processo de mudança em relação ao uso de tais letras, desde a Antiguidade aos dias atuais.

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terça-feira, 10 de maio de 2011

INFANTO-JUVENIL, INFANTO JUVENIL ou INFANTOJUVENIL?

De acordo com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, selecione a única opção verdadeira:

a) ( ) O correto é somente infanto-juvenil;
b) ( ) O correto é somente infanto juvenil;
c) ( ) O correto é somente infantojuvenil;
d) ( ) As duas primeiras opções são aceitáveis;
e) ( ) As três primeiras opções são aceitáveis.

RESPOSTA: O Volp traz como única resposta o que está assinalado na opção "c": infantojuvenil.

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

PÉRFURO-CORTANTE OU PERFUROCORTANTE?

De acordo com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, selecione a única opção verdadeira:

a) ( ) O correto é somente pérfuro-cortante;
b) ( ) O correto é somente perfurocortante;
c) ( ) Posso usar pérfuro-cortante ou perfurocortante, indiferentemente;


RESPOSTA: O correto é o que está assinalado na opção "b": perfurocortante.

O Volp afirma, ainda, que se trata de um adjetivo que admite os dois gêneros (masculino e feminino). A sílaba tônica é "tan" e desaparece o acento agudo de pérfuro, ante a justaposição.

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sexta-feira, 29 de abril de 2011

AR-CONDICIONADO ou AR CONDICIONADO? COMO SE PLURALIZA TAL VOCÁBULO?

Analise as proposições abaixo e, de acordo com o que ensina a Academia Brasileira de Letras, selecione a opção verdadeira:

1 - Carla não gosta de ar condicionado, embora tenha um ar-condicionado.
2 - Maria comprou dois ares-condicionados.
3 - Pedro adquiriu dois aparelhos de ar condicionados.
4 - Maria vendeu três aparelhos de ar-condicionados.
5 - A empresa abriu mão de seus aparelhos de ares condicionados.

Escolha a opção correta:

a) ( ) Há quatro proposições verdadeiras.
b) ( ) Há três proposições erradas.
c) ( ) As proposições "1" e "5" estão erradas.
d) ( ) A proposição "2" está errada.
e) ( ) O novo Acordo Ortográfico só não admite as proposições "2" e "4" como verdadeiras.

RESPOSTA: Referindo-se ao aparelho, escreve-se com hífen (ar-condicionado), cujo plural é ares-condicionados. Fazendo-se menção ao ar que sai do aparelho, escreve-se sem hífen (ar condicionado).

Em Carla não gosta de ar condicionado, embora tenha um ar-condicionado temos claramente a distinção das duas situações.

Deste modo, se pretendo comprar dois aparelhos para refrigerar meu ambiente, devo pedir dois ares-condicionados.

Assim, a opção "b" é a verdadeira, visto que há três proposições erradas, no caso 3, 4 e 5.

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