domingo, 28 de agosto de 2011

AUTO ESCOLA, AUTO-ESCOLA OU AUTOESCOLA?

Depois do novo Acordo, o correto passa a ser autoescola (sem hífen). Antes da referida convenção, o hífen era obrigatório: auto-escola.

A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro, recomendava - acertadamente -, a presença do hífen (cf. art. 154 da citada lei). Mesmo assim, muitas autoescolas inscreviam em seus veículos Auto Escola, e, portanto, em desacordo com as regras gramaticais da época.

Hoje, em fase de transição do novo Acordo (que passa a valer como única regra a partir de 1º/1/2013), ainda persiste tal erro.

Para as autoescolas que foram legalmente registradas antes do Acordo com a escrita Auto-Escola ou Auto Escola, não há a obrigatoriedade da mudança na escrita, por força da Base XXI do citado Acordo, que dispõe:

"Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume ou registro legal, adote na assinatura do seu nome. Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registro público".

Com relação aos novos registros, é pertinente que sejam observadas as novas regras, tanto para nomes de pessoas, como para os casos descritos na Base XXI (transcrita acima) do Acordo, de modo que no registro deve haver a inscrição Autoescola e não mais Auto-Escola (e muito menos Auto Escola).

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O NENÉM OU A NENÉM? O BEBÊ OU A BEBÊ?

Não é estranho o fato de muitos pensarem que a mesma regra se aplica aos dois casos aqui retratados, de modo que os artigos masculino e feminino são usados indiferentemente antes dos substantivos neném e bebê.

Há, no entanto, uma diferença, sim!

"Neném" é um substantivo sobrecomum, o que o torna impossibilitado de admitir o artigo feminino como seu precedente.

Assim, são erradas as construções do tipo:

A neném está chorando sem parar.

Fabiana é uma neném linda.

O correto é:

O neném está chorando sem parar. (seja menino, seja menina)

Fabiana é um neném lindo.

Observação: Os dicionários Houaiss e Aulete admitem o substantivo neném como sendo comum de dois gêneros, e portanto, aceitam o mesmo tratamento dado ao substantivo bebê. O Aurélio, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e o gramático Cegalla, no entanto, insistem na diferença e discordam do Houaiss e do Aulete.

"Bebê", por sua vez, é um substantivo comum de dois gêneros, e como tal, admite os artigos masculino e feminino:

A bebê (ou o bebê) está chorando sem parar.

Fabiana é uma bebê linda.

Rodrigo é um bebê inteligente.

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sábado, 20 de agosto de 2011

A USUCAPIÃO OU O USUCAPIÃO?

As duas formas são corretas. Até bem pouco tempo o substantivo era considerado somente masculino, tanto que os dicionários assim o retratavam.

A 5ª Edição do Vocábulo Ortográfico da Língua Portuguesa, produzido pela Academia Brasileira de Letras, afirma que o substantivo em questão é de fato masculino e feminino.

O mesmo posicionamento pode ser visto nos dicionários, a exemplo do Aurélio e Caldas Aulete.

O vocábulo usucapião é, portanto, um substantivo comum de dois gêneros, e como tal, admite o artigo masculino e o feminino:

Somente com a usucapião é que Maria adquiriu a propriedade do imóvel. (ou seja, através da ação de usucapião)

Somente com o usucapião é que Maria adquiriu a propriedade do imóvel. (ou seja, através do processo de usucapião)

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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

SALÁRIO MÍNIMO ou SALÁRIO-MÍNIMO?

Tratando-se da remuneração estabelecida em lei, não se usa o hífen:

A presidenta anunciará o novo valor do salário mínimo.

Segundo os dicionários e a Academia Brasileira de Letras, salário-mínimo (com hífen) significa "o trabalhador que percebe um salário mínimo":

O salário-mínimo fez greve para receber pelo menos dois salários mínimos. (= O trabalhador fez greve...)

Não confundir com salário-base, salário-hora e salário-família, que devem usar o hífen, uma vez que o mesmo é exigido na sequência substantivo + substantivo.

Já em salário mínimo, embora o hífen deva ser usado quando houver substantivo + adjetivo, o adjetivo mínimo não perdeu seu sentido original.

Alertamos para o fato de que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa traz salário-mínimo (com hífen), mas, conforme dissemos acima, tal acepção é aquela referente ao trabalhador que recebe um salário mínimo. A própria ABL já confirmou isto.

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sábado, 13 de agosto de 2011

HISTÓRIA OU ESTÓRIA?

A palavra estória, comumente aceita como sendo um relato de fatos não comprovados ou fictícios, fora designada para tal fim no início do século XX por um acadêmico brasileiro, mas sem respaldo etimológico.

Etimologistas dizem, no entanto, que tal neologismo é uma frescura estilística, uma vez que, na língua portuguesa, não há razão linguística para adotá-lo, mesmo quando se queira diferenciá-lo de história.

Envolto pela tradição folclorística do termo, o conhecido escritor Guimarães Rosa acabou publicando, em 1962, um livro com o título Primeiras Estórias.

O Aurélio, 4ª Edição, também condena o verbete estória: "Recomenda-se apenas a grafia história, tanto no sentido de ciência histórica, quanto no de narrativa de ficção, conto popular, e demais acepções".

Portanto, segundo recomendação etimológica, não se deve usar o termo estória, mesmo em se tratando de evento fictício.

Erros de português são encontrados inclusive por parte de quem julgamos incapazes de cometê-los.

Alguns modernistas brasileiros, tendo à frente o poeta Mário de Andrade, defendiam que uma frase poderia ser iniciada por um pronome átono, ao contrário do que dizia - e ainda diz - a regra gramatical pertinente ao caso.

Eles defendiam, deste modo, que frases do tipo "O vi hoje", são corretas. Ou ainda "As conheci há pouco". A reação não demorou a chegar, o que fez os modernistas recuarem, com exceção de Mário de Andrade, que mesmo diante das ponderações de Manuel Bandeira, preferiu continuar no erro.

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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

AS DIVERSAS FORMAS DOS NUMERAIS SEREM ESCRITOS EM UM TEXTO

No site da Globo, de 8/7/2011, está registrado o seguinte:

"Quinze pessoas já foram ouvidas em inquérito sobre acidente aéreo na BA. Investigação ainda depende do resultado da perícia para ser concluída. Avião caiu no mar de Trancoso no dia 17 de junho e matou sete pessoas."

Temos, na manchete em questão, numerais escritos na sua forma numérica e outros por extenso. A pergunta é: havia outras possibilidades de escrita em relação aos números? No lugar de quinze, eu poderia usar 15? No lugar de 17, dezessete? No lugar de sete, eu poderia empregar 7?

São dúvidas corriqueiras. Vejamos:

Na escrita, é preferível escrever por extenso o número de apenas um dígito, no caso de 0 a 9 (somente três pessoas se inscreveram e não somente 3 pessoas se inscreveram), principalmente diante de palavras femininas (duas crianças e não 2 crianças). Tratando-se de números com dois ou mais dígitos, opte pela forma numérica, desde que a forma escrita tenha mais de uma palavra (28 livros e não vinte e oito livros; 45 acidentes e não quarenta e cinco acidentes). Se o número é escrito com uma só palavra (embora contenha mais de um dígito), posso usar, indiferentemente, a forma numérica ou por extenso (15 pacientes ou quinze pacientes, 900 casos ou novecentos casos).

Vejamos mais alguns exemplos – atente para o que está escrito entre os parênteses:

As duas crianças estão bem. (correto)
As 2 crianças estão bem. (não recomendado)

Os dois políticos confessaram o crime. (correto)
Os 2 políticos confesaram o crime. (não recomendado)

Débora tem, em seu quarto, 26 obras de arte. (correto)
Débora tem, em seu quarto, vinte e seis obras de arte. (não recomendado)

Com 90 anos de idade, Raquel ainda revela seu vigor. (correto)
Com noventa anos de idade, Raquel ainda revela seu vigor. (correto)

O noticiário dá conta de que 200 pessoas foram aprovadas. (correto)
O noticiário dá conta de que duzentas pessoas foram aprovadas. (correto)

Das 65 pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (correto)

Das 65 pessoas envolvidas no crime, 30 disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa e as 14 restantes preferiram o silêncio. (correto)

Das 65 pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa e as 14 restantes preferiram o silêncio. (correto)

Das 65 pessoas envolvidas no crime, 30 disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (correto)

Das sessenta e cinco pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; vinte e uma confessaram a culpa e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (não recomendado)

Das 65 pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; vinte e uma confessaram a culpa e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (não recomendado)

Compare:

Das 67 pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa; duas oscilaram em relação à confissão, e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (correto)

Das 67 pessoas envolvidas no crime, trinta disseram que são inocentes; 21 confessaram a culpa; 2 oscilaram em relação à confissão, e as quatorze restantes preferiram o silêncio. (não recomendado)

* Note, nos dois últimos exemplos, que a não recomendação da segunda frase se dá exatamente por causa da utilização do numeral “2”, ao passo que na primeira delas o dito numeral foi escrito por extenso (duas).


Atenção: Tratando-se de ano, época histórica... é preferível usar a forma numérica: O historiador se reportou aos anos 40 como uma década sangrenta.

Indicação: Para ler mais sobre o emprego dos numerais em um texto, acesse:

http://portuguesdidatico.blogspot.com/2010/05/o-emprego-dos-numerais.html

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PEDIU PARA ELE SAIR, PEDIU QUE ELE SAÍSSE OU PEDIU PARA QUE ELE SAÍSSE?

Analise as frases abaixo e indique a única que melhor se acomoda à língua padrão:

a) ( ) Carla pediu que Gilberto saísse.
b) ( ) Carla pediu para que Gilberto saísse.
c) ( ) Carla pediu para Gilberto sair.

Resposta:  Segundo Evanildo Bechara, o adequado é "Carla pediu que Gilberto saísse"; logo, a opção "a" está correta. Assim, na frase "Carla pediu-lhe para sair", fica a dúvida sobre quem de fato irá sair, se quem fez o pedido, ou se um segundo personagem.

Bechara encerra a questão assim: "Para o gramático só pode ser a que faz o pedido, e, na realidade, todos, ou quase todos, os exemplos abonados dos bons escritores têm o mesmo sujeito para a oração de pedir e para a oração iniciada pela preposição para".

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terça-feira, 9 de agosto de 2011

DITONGO CRESCENTE e DECRESCENTE

Analise as seguintes proposições:

1 - médio, mandioca, calvície e níveo;
2 - coelho, goela, nódoa, viu;
3 - áureo, níveo, fui, partiu;
4 - linguiça, miúdo, jeito, foice.

Das opções abaixo, qual a única verdadeira?

a) ( ) a proposição 1 tem somente um ditongo decrescente;
b) ( ) a proposição 2 tem dois ditongos crescentes e dois decrescentes;
c) ( ) a proposição 3 tem dois ditongos crescentes e dois decrescentes;
d) ( ) a proposição 4 tem três ditongos decrescentes.

Resposta: Vamos primeiro à classificação das palavras:

1 - médio (ditongo crescente), mandioca (ditongo crescente), calvície (ditongo crescente) e níveo (ditongo crescente);
2 - coelho (ditongo crescente), goela (ditongo crescente), nódoa (ditongo crescente), viu (ditongo decrescente);
3 - áureo (ditongo crescente), níveo (ditongo crescente), fui (ditongo decrescente), partiu (ditongo decrescente);
4 - linguiça (ditongo crescente), miúdo (ditongo crescente ou hiato), jeito (ditongo decrescente), foice (ditongo decrescente).

Analisando as quatro proposições, vemos que a opção "c" é a única verdadeira.

* Quando há "semivogal + vogal" numa mesma sílaba, então temos o ditongo crescente. Quando há "vogal + semivogal", temos o ditongo decrescente.

* As semivogais são "i" e "u". Ocasionalmente, "e" e "o" funcionam como semivogais.

* As semivogais "i" e "u" são assilábicas (sempre). É por isto que em "viu", o "i" não é semivogal, visto ser silábica, ou seja, é pronunciada com maior tonicidade, o que faz da palavra um ditongo decrescente e não crescente. O mesmo fenômeno é presenciado em "fui", sendo que o "u" não é semivogal, por ser tônico.

* Em "níveo" e "coelho", não temos a presença das semivogais "i" e "u". No caso, "e" (em "níveo") e "o" (em "coelho") funcionam como semivogais. Aqui, não é necessário observar a tonicidade, de sorte que se elas antecedem a vogal, temos o encontro "semivogal + vogal", suficiente para classificar a palavra como ditongo crescente. Veja-se, para efeito de maior esclarecimento, a palavra "coelho", que registra o encontro de "o" e "e", ditos semivogais (em certos casos). Na palavra aqui retratada (coelho), somente o "o" funciona como semivogal, exatamente porque vem primeiro.

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MELHOR OU MAIS BEM?

Analise as opções abaixo e indique as duas que estão de acordo com a língua padrão:

I - Os professores estão melhor preparados.
II - Os professores estão mais bem preparados.
III - Os professores estão melhores preparados.
IV - Ninguém conhece melhor os interesses dos professores...
V - Ninguém conhece mais bem os interesses dos professores...

Resposta: Use "mais bem" antes de adjetivos (= verbo no particípio: mais bem educado, mais bem ensinado, mais bem instruído, etc.). As proposições II e IV são as duas únicas que não contêm erro.

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AS REGÊNCIAS DOS VERBOS "INFORMAR" E "AVISAR"

Analise as seguintes proposições:

I - Informo-o de que não irei hoje, razão por que pedi que lhe avisasse com antecedência.

II - Tenho a honra de lhe informar que o aviso sobre o desfile ocorreu conforme o combinado.

III - Venho pelo presente informá-lo sobre o andamento dos autos, em cuja oportunidade peço-lhe sejam avisados os interessados acerca da referida situação processual.

IV - Pelo presente, informo a Vossa Excelência que o preso não cumpriu as determinações judiciais.

V - Avise-os sobre o ocorrido e não deixe de informá-los acerca das nossas pretensões.


Sobre o uso da regência dos verbos "informar" e "avisar", aponte a única alternativa que não contém erro.


a) ( ) Todas as frases estão corretas.
b) ( ) Todas as frases estão erradas.
c) ( ) Somente as frases III e V estão corretas.
d) ( ) Há somente duas frases erradas.
e) ( ) Somente as frases II e IV estão corretas.


Resposta: Os verbos "informar" e "avisar" pedem objeto direto de pessoa e indireto de coisa. Assim, o correto seria, por exemplo: "Informo-o de que não irei" ou "Avise-o sobre o ocorrido".

Evitem-se frases do tipo: "Informo-lhe que não irei" ou "Informo-lhe sobre o ocorrido" ou ainda "Informo a Vossa Excelência que não irei hoje".

As frases III e V são as únicas corretamente escritas; logo, a opção "c" é a resposta correta.

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BATER A PORTA, BATER À PORTA OU BATER NA PORTA?

Analise as proposições abaixo:

I - Furiosa, Sandra entrou no quarto e bateu a porta.
II - De manhã cedo, bateram à porta de dona Joana e lhe pediram socorro.
III - Para acordar Jussara, só batendo na porta dela com muita força.

Sobre o uso da regência verbal, aponte a opção verdadeira:

a) ( ) As três frases estão corretas.
b) ( ) Há somente uma frase com erro.
c) ( ) As frases I e III estão erradas.
d) ( ) Todas as frases estão erradas.

Resposta: Opção "a", as três frases estão corretamente escritas.

Temos, na primeira proposição, o significado de fechar a porta com força. Na segunda, bater junto à porta, a fim de que abram ou atendam. Já terceira, temos o significado de dar pancadas na porta ou esbarrar nela, uma vez que para acordá-la, era preciso bater na porta do quarto dela.
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