segunda-feira, 24 de outubro de 2011

EMPREGO DO INFINITIVO

Sobre o uso do infinitivo (flexionado ou não), analise as alternativas abaixo:

I - Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzar o céu.
II - Os moradores estavam fartos de verem aviões cruzarem o céu.
III - Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzarem o céu.
IV - Os moradores estavam fartos de verem aviões cruzar o céu.

Qual a única opção verdadeira:

a) ( ) As alternativas I e III são as únicas verdadeiras.
b) ( ) A alternativa II é a única verdadeira.
c) ( ) As alternativas III e IV são as únicas verdadeiras.
d) ( ) A alternativa IV é a única verdadeira.
e) ( ) Somente a alternativa I não é verdadeira.

Resposta: Somente as alternativas I e III estão corretas; portanto, a opção "a" é a verdadeira.

O emprego do infinitivo (flexionado ou não) é matéria da língua portuguesa que gera muitas dúvidas, principalmente porque o tema em questão não é completamente consensual.

Vale anotar, preliminarmente, que a diferença entre "emprego do infinitivo" e "concordância verbal" está exatamente na possibilidade de se empregar o verbo com o "r" final. Analisemos os seguintes exemplos:

Gizelle e Jussara discordaram do posicionamento oficial.
Gizelle e Jussaram pretendiam discordar do posicionamento oficial.

Note que, na primeira frase, não é possível o verbo terminar em "r", ao passo que na segunda, sim. Outros exemplos:

Os moradores viram os aviões.
Os moradores viram os aviões cruzarem o céu.

Temos, na primeira frase, um tema de concordância verbal, enquanto na segunda, de emprego do infinitivo. Perceba que a última frase também pode ser construída assim:

Os moradores viram os aviões cruzar o céu.

Enfim, sempre que seja possível conjugar o verbo no infinitivo não flexionado (com o "r" no final, temos um assunto de "emprego do infinitivo" e não de "concordância verbal").

Não iremos, neste momento, trazer uma exposição detalhada das principais regras, visto que nos deteremos à explicação do problema aqui proposto.

Vamos recordar as duas frases verdadeiras propostas no problema:

Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzar o céu.
Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzarem o céu.

A primeira observação é com relação à construção "estavam fartos de ver", que permaneceu inalterada nas duas frases. O verbo "ver" não flexionou porque o  infinitivo complementou um adjetivo (fartos). Assim, sempre se diz:

Eles são capazes de vencer. (e não capazes de vencerem)
Eles estão dispostos a lutar. (e não dispostos a lutarem)

Nota 1: Quando ocorre a voz passiva, é possível as duas formas:

Os médicos estavam com medo de ser contaminados.
Os médicos estavam com medo de serem contaminados.

Nota 2: Quando o infinitivo está na voz reflexiva, é de rigor o infinitivo flexionado:

Eles e elas estão dispostos a se reconciliarem. (e não dispostos a se reconciliar)

A segunda observação é com relação as construções "aviões cruzar o céu" e "aviões cruzarem o céu".

Temos, aqui, um típico exemplo onde é possível flexionar ou não o infinitivo, visto que o sujeito do infinitivo é um substantivo:

aviões (substantivo); cruzar/cruzarem (infinitivo)

Note que "cruzar/cruzarem" irá concordar com o substantivo "aviões". De igual modo, são corretas as seguintes construções:

As damas antigamente mandavam os cavaleiros correr aventuras. (Rebelo da Silva)

As damas antigamente mandavam os cavaleiros correrem aventuras.

Os salários altos fazem os preços subir.

Os salários altos fazem os preços subirem.

Eles viam os anos passar depressa.

Eles viam os anos passarem depressa.

Nota 3: Se o verbo é reflexivo, melhor flexionar o infinitivo:

Eles viriam os galhos inclinarem-se para dentro do prédio. (e não inclinar-se)

Você já deve ter percebido que os verbos em destaque sempre se referem a um substantivo. Mas vejamos:

Em:

Os anos passam depressa.

não temos um caso de emprego do infinitivo e sim de concordância verbal, mesmo sabendo que a conjugação "passam" se refere a um substantivo (Os anos), e, portanto, não se verifica a possibilidade de "Os anos passar depressa" e sim "Vemos os anos passar/passarem depressa".

Neste último exemplo, o infinitivo tem sujeito próprio, diverso do sujeito da oração principal:

Sujeito da oração principal: nós
Sujeito do infinitivo: os anos.

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sábado, 15 de outubro de 2011

MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS - ((NOVO))

Nota introdutória: A presente postagem aborda, especificamente, os usos das iniciais maiúsculas e minúsculas segundo o teor do novo Acordo. Antes já havíamos postado sobre o tema, mas agora decidimos transcrever toda a Base XIX do Acordo, que será minuciosamente comentada, conforme se verá abaixo.

Os textos de verde e azul são aqueles que estão no Acordo, ao passo que os de cor preta (em negrito ou não) são de autoria do blog.


DAS MINÚSCULAS E MAIÚSCULAS

1º) A letra minúscula inicial é usada:

a) Ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes.

Comentário do blog: Isto significa dizer que a inicial maiúscula (e não a minúscula) deverá ser usada somente nos casos obrigatórios ou facultativos.

b) Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera.

Comentário do blog: São erradas, portanto, construções do tipo:

“Fortaleza, 30 de Setembro de 2011”.
“Mariana curte a Primavera, assim como Ricardo aprecia o Verão”.

Observação: A inicial maiúscula é de rigor somente se a palavra em questão estiver iniciando a frase ou integrar o nome de uma rua:

Dezembro, mês do aniversário de minha filha”.

"Ele mora na rua 15 de Novembro".

c) Nos bibliónimos/bibliônimos (após o primeiro elemento, que é com maisúcula, os demais vocábulos, podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor do paço de Ninães, O Senhor do paço de Ninães, Menino de engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e Tambor.

Comentário do blog: Bibliônimos são, em termos gerais, os nomes dos livros (= os títulos dos livros, revistas e afins). Pela convenção aqui retratata, somente é obrigatório o uso de inicial maiúscula na primeira palavra e nos nomes próprios contidos no título.

Não se exige mais, portanto, a inicial maiúscula em todas as palavras que compõem o título de obra: Novíssima gramática da língua portuguesa ou Novíssima Gramática da Língua Portuguesa; História da Inteligência Brasileira ou História da inteligência brasileira.

Observação: Não serão maiusculizados os seguintes vocábulos: o, os, a, as, e, às, com, em, na, nas, de, da, do, das, dos, pelo, pela, para, sobre, é, etc., a menos que iniciem o título do livro.


d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.

Comentário do blog: Só é admissível o emprego da inicial maiúscula quando houver a personificação, a título de exemplo, como encontramos num exemplo citado no Manual de Redação da Presidência da República. Na ocasião, consta Fulano de Tal (sem o itálico), fazendo as vezes de uma autoridade, a quem era endereçado um ofício. Nas demais situações, usa-se a inicial minúscula.


e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul (mas: SW sudoeste).

Comentário do blog: Não confundir com as regiões administrativas de um país, em cuja situação a inicial é maiúscula. Vejamos alguns exemplos onde devemos empregar a inicial minúscula:

Exemplo 1: “Fabiana por pouco não se perdeu na floresta; foi salva graças à bússola, que a orientou rumo ao sul, para onde deveria se dirigir”.

Exemplo 2: “Renato bem que recomedou fosse a bússola usada com os pontos cardeais com letra grande e bem visível: norte, sul, leste, oeste”.

Exemplo 3: “A técnica judiciária redigiu o mandado de intimação, em cujo expediente fez questão de mencionar os limites do terreno objeto do litígio: ao leste: com terras de José; ao oeste: com terras de Maria; ao sul: com terras de Pedro; ao norte: com terras de Helena”.

Observação: Não confundir com a convenção a que faz menção o parágrafo 2º, item “g”, mais adiante.


f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste caso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena).

Comentário do blog: Axiônimos são palavras corteses de tratamento, a exemplo de senhor, doutor, excelência. Hagiônimos, por sua vez, são palavras sagradas, a exemplo de santo e santa.

Reside, neste dispositivo, uma celeuma até então sem consenso. Há quem defenda que a expressão “opcionalmente, neste caso” seja uma menção exclusivamente aos hagiônimos, o que faria com que os axiônimos fossem usados somente com a inicial minúscula.

Ante a falta de um consenso, parece existir, atualmente, a seguinte tendência: empregar Vossa Excelência (e afins: Vossa Senhoria, etc.) com iniciais maiúsculas (mas admite-se a minúscula também), e doutor, senhor (e afins: senhora, etc.) com inicial minúscula, salvo em situações excepcionais, neste último caso, como as seguintes:

Exemplo 1: Quando usado como vocativo, nos documentos oficiais: Senhor Juiz, Senhora Juíza, Senhor Secretário, Senhora Diretora, etc.

Exemplo 2: Quando usado no endereçamento de documentos oficiais: A Sua Excelência o Senhor, etc.

Exemplo 3: Quando se pretende dar real ênfase à autoridade mencionada no corpo do documento. Há uma tendência para não mais se usar a maiúscula nesta acepção.

Quanto aos hagiônimos, há também uma tendência para o uso da inicial minúscula (santa Helena, santo Antônio, etc.), a menos quando abreviado (S. Antônio).

Observação 1: Como o texto do Acordo não faz menção explicitamente, fica subentendido que tais nomes devem ser usados com a inicial minúscula, salvo se iniciam uma frase ou quando usados:

1 - Como vocativos (Senhor Desembargador).

2 - Nos endereçamentos de documentos oficiais:

Ao Senhor
José Alfabeto e Letrado
Perito

Observação 2: Quando os nomes estão abaixo da assinatura, em documentos oficiais:

____________________________
José Alfabeto e Letrado
   Perito Nomeado

Nota: Tanto o nome do subscritor quanto sua profissão devem ficar no mesmo nível de destaque. Assim, ou os dois ficam em negrito ou totalmente maiusculizados, ou ainda sem nenhum dos dois destaques. Evite-se o itálico.

Observação 3: O adjetivo que compõe a nomenclatura do cargo deve concordar com o substantivo que o precede. Deste modo, assinalamos técnica judiciária e agente administrativa (quando pessoas do sexo feminino). Exemplo:

“Eu, Maria Feliz, analista judiciária, redigi o presente mandado; eu, Pedro Objeto, diretor da Secretaria, subscrevo-o”.

Nota: Evite o itálico em tal situação.

Observação 4: A concordância a que nos referimos na observação anterior não deve ser levada em conta quando se faz menção ao cargo, citado de forma generalizada, como nos seguintes exemplos:

“Maria Feliz fez o concurso para o cargo de analista judiciário”.

“Eis o que consta da ficha: Cargo: analista judiciário. Função: assistir diretamente o juiz em suas decisões”.

Observação 5: No corpo de um texto, seja oficial ou não, é admissível o emprego da inicial minúscula em nomes que designam altas autoridades. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, por exemplo, deixou claro que adotará tal postura.

Exemplo 1: “O ministro da Educação fará um discurso em nome do governo”.

Exemplo 2: “A presidenta da República visitou o país onde nasceu seu genitor”.

Exemplo 3: “Conforme explicou o secretário de Estado, o governador não irá voltar atrás”.

Observação 6:  Em relação ao vocábulo "papa", use a inicial minúscula quando empregado em sentido geral ou quando acompanhado do nome do titular a que se reporta o respectivo cargo:

Exemplo 1: "O papa Bento XVI era o braço inseparável do papa anterior".

Exemplo 2: "O Papa irá visitar muitos países de tradição católica".

Exemplo 3: "A tradição católica diz que Pedro foi o primeiro papa".


g) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português), matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas).

Comentário do blog: Era costume, antes da atual reforma ortográfica, o uso da inicial maiúscula em tal situação, principalmente em medicina e direito, cujos guardiães eram os operadores do direito, que insistiam em manter a inicial maiúscula, apesar da imprensa já vir empregando as duas opções. Hoje, é indiferente: “Paula cursa medicina; João, direito”.

É possível, ainda, a seguinte construção: “O juiz de direito acabou de prolatar a sentença”, com o “j” e o “d” minúsculos.


2º) A letra maiúscula inicial é usada:

a) Nos antropónimos/antropônimos, reais ou fictícios: Pedro Marques; Branca de Neve, D. Quixote.

Comentário do blog: Aqui não há muito o que se comentar, ante a clareza do texto. Nomes próprios de pessoas, reais ou fictícias, são escritos com a inicial maiúscula, incondicionalmente.


b) Nos topónimos/topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de Janeiro; Atlântida, Hespéria.

Comentário do blog: Agora tratamos sobre nomes próprios de lugares, e, como já exposto no enunciado do Acordo, tais nomes, sejam eles reais ou imaginários, são escritos com a inicial maiúscula. Assim, Céu, Inferno, Purgatório, Hades (e afins: Seol, etc.) são maiusculizados em suas respectivas letras iniciais.

Observação 1: “Céu” e “Inferno” devem ter a inicial minúscula em acepções como as que seguem:

Exemplo 1: “Olhei para o céu e contemplei um azul quase inédito”.

Exemplo 2: “As aves voam no céu, e aqui contemplamos a perfeita harmonia”.

Exemplo 3: “A fome era tanta, que José feriu o céu da boca … com o garfo”.

Exemplo 4: “Hoje o trânsito está um caos, um verdadeiro inferno”.

Observação 2: Os nomes comuns antepostos a nomes próprios de acidentes geográficos podem ser escritos com a inicial maiúscula ou minúscula, exceto se o nome anteposto fizer parte da nomenclatura do “acidente geográfico”:

Exemplo 1: Baía de Guanabara ou baía de Guanabara; Rio Amazonas ou rio Amazonas; Riacho Ipiranga ou riacho Ipiranga; Rio São Francisco ou rio São Francisco; Lagoa Rodrigues de Freitas ou lagoa Rodrigues de Freitas; Ilha do Bananal ou ilha do Bananal; Serra do Mar ou serra do Mar; Pico da Neblina ou pico da Neblina; Estreito de Gilbratar ou estreito de Gilbratar; Oceano Atlântico ou oceano Atlântico, etc.

Mas: Mar Morto, Mar Vermelho, Trópico de Câncer, Hemisfério Sul, Trópico de Capricórnio, Hemisfério Norte, Círculo Polar Ártico, etc.

c) Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Neptuno/ Netuno.

Comentário do blog: Aqui entra o nome Satanás (e afins: Lúcifer, Capeta, Cão, Diabo).

Observação: Tais nomes têm a inicial minúscula em situações como as que seguem:

Exemplo 1: “Que vida satanás, dizia frequentemente!”. (= Que vida ruim, maldita)

Exemplo 2: “Para com isso; que diabo!” (= Que coisa chata)

d) Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdência Social.

Comentário do blog: Entram na relação quaisquer órgãos públicos ou estabelecimentos particulares: Secretaria de Educação, Padaria do João Letreiro, Farmácia Leve Agora, etc.

Observação 1: Quando se pretende escrever o nome por extenso e sua respectiva sigla, esta deve vir depois, separada por parênteses ou travessão (neste caso, com uma vírgula no final da sigla):

Exemplo 1: “O aposentado se dirigiu ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) como se estivesse indo ao próprio velório”.

Exemplo 2: “O aposentado se dirigiu ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, como se estivesse indo ao próprio velório”.

Obervação 2: Usados em sentido geral, sem especificar o órgão ou estabelecimento, usa-se a inicial minúscula:

Exemplo 1: “O aposentado foi ao banco sacar seu dinheiro”.

Exemplo 2: “Foi à padaria: fez questão de repetir o velho hábito”.

Exemplo 3: “Como Patrícia estuda no Colégio Passe Agora, suponho que ela tenha ido ao referido colégio antes de viajar”.

Exemplo 4: “Dona Francisca comprou essa roupa nas Lojas Finas; só poderia ter sido lá mesmo: era fina como a própria loja”.

Exemplo 5: “Fui ao mercado; depois, à loja do Barbosa”. (Neste caso, está subentendido que o nome da loja não é “Loja do Barbosa”; caso contrário, a inicial maiúscula seria de rigor.

Da mesma forma: “Vanessa se dirigiu ao banco Bradesco”, porquanto o referido banco está registrado somente como “Bradesco”).

Observação 3: Escreva “Fui à padaria do João Letreiro”, com o “p” minúsculo, caso o vocábulo “padaria” não integre o nome de registro oficial.


e) Nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos.

Comentário do blog: Antes do Acordo havia a determinação no sentido de se usar a inicial minúscula em palavras que designassem festas pagãs ou populares.

Pelo dispositivo acima, é possível interpretar que tal exceção perdeu seu valor. Ainda assim, encontramos em gramáticas respeitadas, como a de Cegalla e a de Bechara, a recomendação no sentido de se manter a prescrição anterior.

Parece que tal interpretação não se sujeita ao espírito do legislador, de modo que recomendamos seja observada a atual convenção, que não faz referência a sequer uma exceção. Assim, optamos por escrever, por exemplo, Carnaval.

f) Nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado de São Paulo (ou S. Paulo).

Comentário do blog: Entram, nesta relação, os títulos de livros. Exemplo: Moderna Gramática Portuguesa, História da inteligência brasileira, etc.

Conforme vimos no item “c” do primeiro parágrafo, somente a inicial deve ser maiúscula, uma vez que às demais é facultada a opção pela minúscula. Pelo presente dispositivo (item “f”) interpretamos que o itálico deve ser usado nos títulos de periódicos e demais obras literárias.

Observação 1: As siglas também ficam em itálico: “Acabei de comprar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp): um excelente investimento”.

Observação 2: O itálico é usado, ainda, para destacar uma ou mais palavras (ou expressões), as quais estão sendo empregadas como exemplo, para fins pedagógicos.

Nesta acepção, basta verificar os exemplos trazidos nos dispositivos desta Base (XIX), bem como aqueles expostos pelo comentário do blog. As palavras e expressões estrangeiras também são escritas em itálico, desde que não intercaladas por aspas.

Evite-se o emprego do itálico e aspas simultaneamente.


g) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente, por oriente asiático.

Comentário do blog: “Absolutamente” significa, aqui, a clara referência a uma região administrativa de um estado ou país. Quando digo “Moro no Nordesde do Brasil”, estou me referindo à região administrativa (nove estados).

Por outro lado, se escrevo “Vou ao sul do país”, quero dizer unicamente que penso em ir à parte sul do país, não necessariamente a um dos três estados que compõem a região administrativa chamada Sul.

Da mesma forma: “O mar banha, com gosto e ênfase, o oriente brasileiro”. E ainda: “Acredita-se, no Ceará, que a chuva que vem do sul é mais produtiva, mais destrutiva, mais forte”.

Perceba, no último exemplo, que sul significa a parte sul de onde se está, e não o Sul do país.

Observação 1: Meio-Dia está com as iniciais maiúsculas porque o referido composto é o nome de uma região da França.

Observação 2: Remetemos o leitor ao item “e” do primeiro parágrafo do presente Acordo.

h) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente regula­das com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H­2O, Sr., V. Exª.

Comentário do blog: Interpretamos, aqui, a obrigatoriedade do uso da inicial maiúscula em abreviaturas cujas respectivas palavras sejam usadas não somente com a inicial maiúscula, mas também as minusculizadas. É o exemplo de Prof., cuja inicial de professor não é, necessariamente, maiúscula.

Assim, embora devamos escrever senhor, professor, doutor, suas respectivas abreviaturas têm a inicial maiúscula, incondicionalmente, como no seguinte exemplo: “Estarão presentes ao evento o Prof. Fabrício e o Dr. Prof. Amélio”.

Observação 1: Quanto aos dispositivos de uma lei (artigo, inciso, etc.), parece-nos que não há a obrigatoriedade da inicial maiúscula, a menos que iniciem a linha de um texto. Vejamos:

Exemplo 1: “O juiz fez menção ao art. 5º da Lei nº 9.099/95”.

Exemplo 2: “O juiz fez menção ao art. 3º, inc. I, da Lei nº 9.099/95”.

Observação 2: É recomedável que, em se tratando de dispositivos de lei, seja usada a forma por extenso:

Exemplo 1: “O juiz fez menção ao artigo 5º da Lei nº 9.099/95”.

Exemplo 2: “O juiz fez menção ao artigo 3º, inciso I, da Lei nº 9.099/95”.

Observação 3: Use a inicial maiúscula nos vocábulos lei, portaria, regulamento (e afins), se os mesmos vierem acompanhados do respectivo número. A mesma regra vale para os expedientes judiciários (mandado de intimação, mandado de citação, carta de intimação, carta de citação, etc.) e para os documentos de identificação pessoal, desde que não abreviados (certidão de nascimento, certidão de casamento, CPF, etc.). Caso contrário, use a inicial minúscula:

Exemplo 1: “O juiz se reportou à Lei 9.099/95”.

Exemplo 2: “O juiz proferiu sua sentença com base em lei”.

Exemplo 3: “O advogado fez menção à Portaria 18/2011 ”.

Exemplo 4: “O juiz proferiu sua sentença com base em portaria do tribunal”.

Exemplo 5: "A colega acabou de expedir o mandado de averbação".

Exemplo 6: "A colega acabou de expedir o Mandado de Averbação 15/2011".

Exemplo 7: "A Secretaria da Vara se reportou à carta de intimação, ao mandado de citação e ao alvará judicial".

Exemplo 8: "Conforme o Alvará Judicial nº 55/2011".

Exemplo 9: "O réu se fez presente portando seu CPF e sua certidão de casamento".


i) Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierar­quicamente, em inicio de versos, em categorizações de logradouros públicos: (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha).

Comentário do blog: Pelo dispositivo, vimos que é indiferente o uso da inicial maiúscula ou minúscula em vocábulos como igreja, rua, avenida, bairro, praça: “Praça da Sé” ou “praça da Sé”; “Avenida Rio Branco” ou “avenida Rio Branco”; “Palácio da Justiça” ou “palácio da Justiça”; “Edifício More Agora” ou “edifício More Agora”, etc.

Observação 1: O famoso dicionário Houaiss adota Igreja católica apostólica romana, com todas as iniciais minúsculas, exceto a de Igreja.

Observação 2: Diz-se: “Marília frequenta uma igreja evangélica”, com todas as iniciais minúsculas. Porém: “Marília frequenta a igreja Presbiteriana do Brasil” (ou Igreja Presbiteriana do Brasil).

Observação 3: O vocábulo “Centro”, referindo-se a bairro, é escrito com a inicial maiúscula:

Exemplo: "Roberta mora na Rua João Maria, 15, Centro, Aquiraz (CE)".

Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente.

Comentário do blog: Conforme está bem explícito no texto, o Acordo ressalvou a possibilidade do emprego das iniciais maiúsculas e minúsculas fugir às regras aqui convencionadas, desde que oriundas “de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente”.


PARA LER SOBRE O QUE ESCREVEMOS ACERCA DA ORIGEM DE ALGUMAS INICIAIS MAIÚSCULAS, ACESSE:

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sábado, 8 de outubro de 2011

MARCHA A RÉ ou MARCHA À RÉ? VALE A PENA OU VALE À PENA? ANTE O EXPOSTO ou ANTE AO EXPOSTO? QUANTO A ou QUANTO À?

As construções corretas são as seguintes:

Marcha a ré; vale a pena; ante o; quanto à.

Assim, não se diz: "Ante ao exposto" (muito frequente em sentenças judiciais), e sim "Ante o exposto".

"Ante" e "a" são preposições distintas e não se admite o emprego de uma imediatamente posposta à outra.

Em "ante a", não se pode falar em locução prepositiva, pois esta é formada, em geral, por um advérbio (ou locução adverbial) seguido da preposição a, de ou com. As únicas exceções são de per sipara com e até a (esta em situações para se evitar ambiguidade).

Em "quanto à/ao", temos uma locução prepositiva + o emprego do(s) artigo(s) a/o:

"Quanto à solenidade, a esta não irei". (= Quanto a + a)
"Quanto ao evento, a este não irei". (= Quanto a + o)

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