domingo, 22 de maio de 2011

UMA BREVE HISTÓRIA DO USO DAS LETRAS MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS*

Diz-nos Evanildo Bechara que "A língua portuguesa é a continuidade ininterrupta, no tempo e no espaço, do latim levado à Península Ibérica pela expansão do império romano, no início do séc. III a.C."; mas é somente no século XIII d.C. que temos os primeiros documentos históricos em língua portuguesa, daí o porquê de se afirmar que ela se originou no citado século.

No latim clássico não havia a distinção entre maiúsculas e minúsculas, porquanto somente aquelas eram utilizadas. As minúsculas, por sua vez, surgiram apenas entre os séculos IV e VI d.C. e eram vistas como uma opção à parte e não uma complementação das maiúsculas.

Desta feita, era comum se usar um texto completamente com as letras maiúsculas ou completamente com as minúsculas.

A ideia de mesclar os dois tipos de letras surgiu na Idade Média, principalmente quando os mosteiros passaram a ser responsáveis pela reprodução de obras literárias, em cujo período o livro passa a ser visto como uma obra de arte, de sorte que não somente o conteúdo seria observado, como também os aspectos gráficos.

Em outras palavras, a aparência do livro passou a merecer uma atenção redobrada. Foi exatamente aqui que surge a junção da inicial maiúscula com as demais letras minúsculas que formam uma palavra. Convencionou-se que um texto redigido com todas as letras maiúsculas se tornava mais difícil de ser lido (eis um fato), razão por que optaram pelas minúsculas.

Houve, no entanto, alguns saudosistas do velho latim (que adotava todas as letras maiúsculas) que reivindicaram uma volta ao passado. Embora tenham perdido a causa, ganharam em outro aspecto: teria surgido daí a explicação para a utilização das iniciais maiúsculas em fatos históricos importantes, bem como em nomes próprios.

É por esta razão que ainda hoje adotamos as iniciais maiúsculas em alguns casos, como em palavras que designam fatos importantes (Dia do Trabalho, Dia das Mães, Reforma Protestante, Contrarreforma), visto que os medievais julgaram que os velhos tempos clássicos não deveriam ser esquecidos, assim como renascentitas idolatraram a Grécia e a Roma clássicas. Assim, escrevem-se Renascença e não renascença, Idade Média e não idade média, Dia de Finados e não dia de finados.

É depois de tais convenções que surge a pontuação na língua portuguesa. Aos poucos são incorporados alguns sinais vindos de outras línguas, como o asterisco - uma invenção alemã do século 19.

UMA BREVE HISTÓRIA DO LIVRO

A partir da década de 60 do século vinte a UNESCO considerou o livro "uma publicação impressa, não periódica, que consta de no mínimo 49 páginas, sem contar as capas".

Pode-se dizer que foi na Idade Média que ele sofreu os mais significativos progressos, tanto na parte interna como externa. Foi também no citado período que houve considerável aumento de leitores, fato este movido por um conjunto de fatores.

Foi na Idade Média que aconteceu a inserção da página. No século XIII foram confirmadas as novas mudanças técnicas que permitiram novo rosto e nova utilização do livro.

É exatamente no período que ficou conhecido como a "Idade das Trevas" que a pontuação é melhorada. As letras maiúsculas e minúsculas são divididas com finalidade bem distintas, diferentemente do que ocorria anteriormente, quando ambas eram usadas de forma desordenada.

Os livros ganham títulos e capítulos. Criam-se os índices de assuntos classificados em ordem alfabética. A paginação dos livros universitários ganham margens maiores, que se destinavam à aposição de comentários dos estudantes.

A Bíblia passou a ser impressa com capítulos e versículos. Primeiro aqueles, depois estes. Até então não se vislumbravam os textos bíblicos que contemplamos hoje.

Os copistas se multiplicaram e com eles as novas técnicas de reprodução (antes mesmo do surgimento da imprensa de Gutemberg. Surge o livreiro como o conhecemos atualmente.

Com o advento da universidade cresce consideravelmente o interesse pelo livro. É na Idade Média que desaparece a leitura em voz alta, uma vez que era tradição os alunos lerem como se o fizessem para uma plateia. Outro fator que destacou a história do livro foi o crescente número de traduções nas línguas vernáculas, ou seja, na língua de cada país.

*Textos extraídos de meu blog www.historiaesuascuriosidades.blogspot.com

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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Juiz de Direito, juiz de direito ou juiz de Direito?

Analise as seguintes proposições:

I - O Juiz de Direito prolatou a sentença na data prevista.
II - O juiz de direito prolatou a sentença na data prevista.
III - O juiz de Direito prolatou a sentença na data prevista.

Sobre o uso de iniciais maiúsculas e minúsculas, aponte a única opção verdadeira:

a) ( ) Somente a proposição I está correta;
b) ( ) Somente a proposição II está correta;
c) ( ) Somente a proposição III está correta;
d) ( ) As três proposições estão corretas;
e) ( ) Somente as proposições I e III estão corretas.

RESPOSTA: A alínea "g" da Base XIX do Acordo Ortográfico de 1990, afirma, textualmente, que as iniciais minúsculas são usadas "nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, também, com maiúsculas): português (ou Português), matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas)".

Os exemplos trazidos acima estão, como dissemos, textualmente na referida Base. A lição é clara: a prioridade é usar a inicial minúscula quando a palavra empregada designa um curso universitário, um domínio do saber, uma disciplina, embora não seja errado usar a inicial maiúscula, sendo esta obrigatória somente quando a palavra usada inicia uma frase.

Assim, é correto dizer que José faz medicina (ou José faz o curso de direito), como também é correto afirmar que José faz Medicina (ou José faz o curso de Direito), esclarecendo que é preferível, agora, usar a inicial minúscula, diferentemente de outrora, quando era de rigor usar somente a inicial maiúscula em tais situações.

No caso do problema apresentado pelo blog, há de se trazer alguns esclarecimentos. Pelo que se depreende da alínea "g" da Base XIX do novo Acordo, a opção "d" é a única que está correta, visto que as três proposições sugeridas são verdadeiras.

De tal modo, eu posso escrever O juiz de direito prolatou a sentença, assim como O Juiz de Direito prolatou a sentença, como também O juiz de Direito prolatou a sentença. Posso usar uma das três alternativas sem problemas, embora "Juiz de Direito" seja a mais conhecida.

E com relação ao "j" de juiz, por que ela pode ser maiúscula ou minúscula. Porque ela inicia o nome de uma profissão (juiz) e, pelas modernas regras gramaticais, nomes que designam profissão podem ter a inicial maiúscula ou minúscula, embora esta última é prioritariamente recomendada.

A opção por Juiz de Direito (com o "J' e o "D" maiúsculos), deve ser encorajada em documentos oficiais em que tal cargo seja exposto em situações como as que seguem abaixo:

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"Ofício nº 1/2011


A Sua Excelência o Senhor
Fulano Beltrano Sicrano
Juiz de Direito


Senhor Juiz de Direito,



Sirvo-me do presente para......."

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O mundo está mudando e a língua portuguesa também. Outrora, havia mil e uma recomendações em relação ao desuso de iniciais minúsculas. Hoje, diríamos, há uma inversão de tais recomendações. Palavras cujas letras são todas maiúsculas incomodam, são cansativas ao leitor. É crescente, nos mais modernos meios de comunicação, a preferência pela inicial minúscula.

Na próxima postagem, o blog trará um resumo histórico sobre o uso de iniciais maiúsculas e minúsculas. Tentará mostrar como se deu o processo de mudança em relação ao uso de tais letras, desde a Antiguidade aos dias atuais.

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terça-feira, 10 de maio de 2011

INFANTO-JUVENIL, INFANTO JUVENIL ou INFANTOJUVENIL?

De acordo com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, selecione a única opção verdadeira:

a) ( ) O correto é somente infanto-juvenil;
b) ( ) O correto é somente infanto juvenil;
c) ( ) O correto é somente infantojuvenil;
d) ( ) As duas primeiras opções são aceitáveis;
e) ( ) As três primeiras opções são aceitáveis.

RESPOSTA: O Volp traz como única resposta o que está assinalado na opção "c": infantojuvenil.

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

PÉRFURO-CORTANTE OU PERFUROCORTANTE?

De acordo com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, selecione a única opção verdadeira:

a) ( ) O correto é somente pérfuro-cortante;
b) ( ) O correto é somente perfurocortante;
c) ( ) Posso usar pérfuro-cortante ou perfurocortante, indiferentemente;


RESPOSTA: O correto é o que está assinalado na opção "b": perfurocortante.

O Volp afirma, ainda, que se trata de um adjetivo que admite os dois gêneros (masculino e feminino). A sílaba tônica é "tan" e desaparece o acento agudo de pérfuro, ante a justaposição.

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