domingo, 23 de junho de 2013

A CONCORDÂNCIA VERBAL COM TÍTULOS DE OBRAS LITERÁRIAS

Geralmente o verbo fica no plural quando o título da obra literária está no plural, embora seja admitido o singular, principalmente quando a concordância é feita com o verbo ser
 
As Cartas Persas é de autoria do francês Montesquieu.
 
As Cartas Persas anunciam o Espírito das Leis. (Manuel Bandeira)
 
As Valkírias foi publicada em 1992.
 
Os Sertões, de Euclides da Cunham, contam a história de uma sangrenta guerra vivida no final do século 19. 
 
Observação: A primeira e a terceira frases poderiam ser construídas com os verbos no plural, enquanto as duas outras frases com os verbos em destaque no singular. No entanto, por questão de estética e de eufonia, caso a concordância não se dê com os verbos ser e estar, melhor é utilizar a concordância no plural, como retratamos na segunda e na quarta frase acima.

Finalmente, cabe observar que em "As Valkírias foi publicado em 1992" a concordância se dá a partir da ideia implícita de livro (ou seja, "O livro As Valkírias foi publicado em 1992").
 
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domingo, 19 de maio de 2013

A CRASE ANTES DOS PRONOMES POSSESSIVOS

De acordo com a norma padrão, é facultativo o emprego da crase antes dos pronomes possessivos, uma vez é facultativo o artigo antes de tais pronomes.

Na frase Ela gostava de meus livros, temos a preposição, mas não temos o artigo antes do pronome meus. Assim, a frase também estaria correta deste modo: Ela gostava dos meus livros, pois a presença do artigo "o" também é possível (de + o = dos).

Do mesmo modo, em Ela se referiu a minha opinião, temos a preposição, mas não o artigo, daí a ausência da crase. Se, todavia, houver o emprego do artigo, a crase é de rigor: Ela se referiu à minha opinião.

Os pronomes até aqui empregados são chamados de possessivos adjetivos, pois acompanham um substantivo. Quando não acompanham um substantivo (chamados de possessivos substantivos), a crase é obrigatória:

Ela se referiu a minha opinião e não à sua.

Temos, na frase logo acima, dois pronomes [minha (pronome adjetivo, pois está acompanhado do substantivo opinião) e sua (pronome substantivo, pois está desacompanhado de substantivo)]. No primeiro dos pronomes, temos a preposição, mas não temos o artigo (daí referiu-se a minha), enquanto no segundo, temos o artigo e a preposição (daí e não à sua).

Vale ressaltar que a frase também poderia ser construída com duas crases, pois bastaria usar o artigo antes do pronome minha:

Ela se referiu à minha opinião e não à sua.

Cumpre destacar que modernamente o artigo tem sido empregado com maior frequência, daí a nossa recomendação para o emprego da crase, até para se evitar ambiguidade.

O emprego facultativo também vale para o início das frases:

Os meus esforços foram recompensados. (correto)
Meus esforços foram recompensados. (correto)

Ainda cabe uma última observação: se o pronome precede o nome de parentesco, não utilize a crase:

Referiu-se a minha mãe.

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domingo, 10 de março de 2013

EMPREGOS DO APÓSTROFO

Tentaremos sintetizar, de forma bastante objetiva, alguns empregos do apóstrofo a partir das prescrições do Acordo Ortográfico de 1990 (atualmente em vigor).
 
1º - Posso escrever e ler em Os Sertões ou n'Os Sertões. Vejamos alguns casos possíveis:
 
Lê-se em Os Sertões sobre a Guerra de Canudos.
Lê-se n'Os Sertões sobre a Guerra de Canudos.
 
Observação 1: O emprego do apóstrofo exige a consoante n na forma minúscula, salvo se iniciar uma frase.
 
A mesma regra vale para em Os Lusíadas e n'Os Lusíadas.
 
Observação 2: Quando não utilizamos o apóstrofo, devemos ter muito cuidado na hora de empregar, na forma escrita, a preposição que antecede o título de uma obra iniciada por artigo (como Os Sertões, por exemplo):
 
Referiu-se a Os Sertões. (e não aos Sertões, nem ao Os Sertões)
Lê-se em A República toda a utopia política de Platão. (e não na República)
Referiu-se a A República. (e não à República)
A Guerra de Canudos está contida também em Os Sertões. (e não nos Sertões)
 
O motivo da exigência é simples: havendo a contração ou a combinação, fica comprometido o exato título da obra. Assim, se o título correto é A República, escrevendo-se na República, estaríamos dizendo que o nome da obra é somente República, o que seria um erro.
 
O texto do acordo abre uma ressalva somente para os casos de leitura, quando também estariam corretas as construções consideradas erradas na escrita, as quais foram utilizadas logo acima. Segue, pois, que, por questão de agrado auditivo (eufonia), eu poderia ler (e não escrever):
 
Referiu-se aos Sertões.
Lê-se na República toda a utopia política de Platão.
Referiu-se à República.
A Guerra de Canudos está contida também nos Sertões.
 
 
2º - Referindo-se a Deus, a Jesus, à mãe de Jesus e à Providência, obrigatoriamente devemos escrever (e ler), quando optarmos pelo apóstrofo:
 
A salvação só poderá vir d'Ele. (de Jesus ou de Deus)
Está n'Ela, aos pés da cruz, a marca do sofrimento materno. (da mãe de Jesus)
Hitler sempre confiou na Providência, e via n'Ela a chance de reverter o destino que o celou.
 
Observação 1: Referindo-se aos mesmos personagens, devemos escrever (quando não utilizarmos o apóstrofo) com iniciais minúsculas os vocábulos correspondentes:
 
A salvação só poderá vir Dele. (de Jesus ou de Deus)
Está Nela, aos pés da cruz, a marca do sofrimento materno. (da mãe de Jesus)
Hitler sempre confiou na Providência, e via Nela a chance de reverter o destino que o celou.

Observação 2: Esta regra não vale para os demais santos católicos, nem para os personagens de outra religião e muito menos para quaisquer outros personagens históricos, por mais ilustres que sejam. Certamente estamos diante de um caso de flagrante influência que o cristianismo ainda exerce nos países signatários do presente Acordo.
 
 
3º - Nos compostos tradicionalmente escritos com o dito apóstrofo: cobra-d'água, olho-d'água, galinha- -d'água, caixa-d'água, estrela-d'alva, mãe-d'água, etc.
 
 
4º - Não se utiliza o apóstrofo em construções do tipo: destas, daquela, daqueloutro, dacolá, dantes, dalgum (de algum), doutro, doutrora, doutrem, etc.


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domingo, 17 de fevereiro de 2013

À MEDIDA QUE ou NA MEDIDA EM QUE?

Há uma diferença considerável entre as locuções à medida que e na medida em que. Basta atentarmos para o fato de que à medida que se aplica quando nos referimos à ideia de proporção, ao passo que na medida em que à ideia de causa ou condição.
 
Vamos analisar as três frases abaixo:
 
1 - À medida que se estuda, mais se amplia o conhecimento.
2 - O corte no orçamento é injusto, na medida em que afeta principalmente a classe trabalhadora.
3 - O último portão só deverá ser aberto na medida em que efetivamente ajudar a aumentar o fluxo dos visitantes.
 
A primeira das frases nos remete ao sentido de proporção; a segunda, de causalidade; a terceira, de condição.
 
O método prático para se saber qual locução usar é o seguinte: substitua as referidas locuções por à proporção que, desde que (ou pois ou porque) e por se. Vamos fazer as substituições na ordem apresentada:
 
1 - À proporção que se estuda, mais se amplia o conhecimento.
2 - O corte no orçamento é injusto, pois afeta principalmente a classe trabalhadora.
3 - O último portão só deverá ser aberto se efetivamente ajudar a aumentar o fluxo dos visitantes.

Sempre que se puder usar à proporção que, use à medida que (e não na medida em que). Por sua vez, sempre que se puder empregar se ou pois ou porque, use na medida em que (e nunca na medida que nem à medida que). Não existe a locução na medida que.
 
Ficou demonstrado, portanto, que as substituições não alteraram o sentido das frases originais, de modo que as locuções foram devidamente aplicadas.
 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

ERA PERTO ou ERAM PERTO DE CINCO HORAS?

De acordo com Cegalla, "Estando a expressão que designa horas precedida da locução perto de, hesitam os escritores entre o plural e o singular".

Assim, ainda citando Cegalla, Machado de Assis utilizou as duas opções:

"Eram perto de oito horas" e "Era perto das duas horas quando saiu da janela",

enquanto Eça de Queiroz assim escreveu:

"...era perto das cinco quando saí".

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sábado, 12 de janeiro de 2013

COMPARECER A ou COMPARECER EM?

Na linguagem padrão se recomenda comparecer a e não comparecer em. Assim, são incorretas as frases do tipo:
 
Intime-se o réu, a fim de que compareça na sala de audiências. 
Ele compareceu no Fórum pontualmente às 10 horas.
 
 
De acordo com a regra devemos escrever corretamente:
 
 
Intime-se o réu, a fim de que compareça à sala de audiências.
Ele compareceu ao Fórum pontualmente às 10 horas.
 
 
Vale ressaltar que se deve atentar para o correto emprego da preposição (com ou sem crase ou realizando a combinação a + o = ao), conforme fizemos nos dois exemplos citados.
 
Conforme é visto em muitos expedientes forenses, é comum o emprego incorreto da preposição "em", como na frase escrita logo no início desta postagem.
 
Outra aparente dúvida se deve quanto ao emprego da regência do verbo chegar, razão por que frequentemente alguns indagam se devemos escrever "Chegou a Fortaleza", "Chegou em Fortaleza" ou ainda "Chegou à Fortaleza".
 
Sobre este assunto recomendamos o que escrevemos noutra ocasião (clique no link abaixo):
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domingo, 2 de dezembro de 2012

PAPAI NOEL ou PAPAI-NOEL?

Consideremos a frase logo abaixo, escrita corretamente quanto aos empregos do hífen e das iniciais maiúsculas e minúsculas:
 
A criança recebeu, na noite de Natal, um papai-noel do Papai Noel.
 
A primeira indagação a ser feita seria sobre a possibilidade de escrevermos o vocábulo em questão com ou sem hífen, bem como se seria possível o emprego de ambas as iniciais: maiúsculas e minúsculas.
 
Vamos às respostas.
 
Em se tratando do personagem folclórico natalino, devemos escrever Papai Noel (sem hífen e com as iniciais maiúsculas - neste caso por se tratar de um nome próprio, mesmo fictício, conforme recomenda o novo acordo ortográfico). O itálico, aqui, é mero destaque.
 
Já o vocábulo papai-noel (com hífen e com iniciais minúsculas) significa "presente de Natal", daí as diferenças do outro vocábulo acima mencionado.
 
Vale ressaltar que o segundo termo não é usado no dia a dia (muito menos na época apropriada), razão por que - acreditamos - praticamente nem é disseminado pelos mais diversos meios de comunicação.
 
Finalmente, cabe a observação de que o Volp registra papai-noel, mas não traz seu significado. Daí a necessidade de uma consulta a um renomado dicionário (como o Aurélio, que explica essa diferença).
 
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domingo, 11 de novembro de 2012

AS MILHARES ou OS MILHARES DE PESSOAS?

Milhares, milhões e bilhões deverão ser escritos no masculino. Sempre no masculino.
 
Os vocábulos em questão são classificados, de acordo com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, como numerais e substantivos masculinos.
 
Sendo assim, os numerais, pronomes e artigos que os antecedem não podem ficar no feminino. Vejamos algumas frases corretas:
 
Estão armazenados no armazém dois milhares de sacas de feijão.
 
Os dois milhares de plantas foram destruídos.
 
Os bilhões de criaturas humanas em breve brigarão por água potável.
 
Alguns milhares de casas não estão dignas de moradia.
 
Os milhares de pessoas se amontoavam como nunca visto antes.
 

Observação: Quando o sujeito da oração for um desses vocábulos, o particípio ou o adjetivo podem concordar no feminino, dada a atração com o substantivo feminino plural.

De tal modo, está justificada a concordância que fizemos no penúltimo exemplo. Observe que não usamos "dignos" e sim "dignas". Atente que nos demais exemplos sempre empregamos a forma masculina.

Pela mesma regra, poderíamos escrever:

Estão armazenadas no armazém dois milhares de sacas de feijão.
 
Os dois milhares de plantas foram destruídas.

Os bilhões de criaturas humanas em breve brigarão por água potável.

Alguns milhares de casas não estão dignos de moradia. (Forma menos recomendada, por questão de eufonia)

Por questão de eufonia e estética, é que nesta última frase (a mesma penúltima das primeiras apontadas) recomendamos o emprego feminino e não o masculino. Nos demais casos, o masculino tem nossa recomendação.

Mas atenção: Perceba que os vocábulos escritos antes de milhares, milhões e bilhões permanecem no masculino, ainda que os particípios fiquem no feminino.
 
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domingo, 21 de outubro de 2012

É CORRETO DIZER "A EMPRESA INDENIZARÁ OS PREJUÍZOS"?

Não, não é correto.

Diz-se corretamente: A empresa indenizará o funcionário pelos prejuízos.

Também não se deve dizer: A empresa indizerá ao funcionário pelos prejuízos, uma vez que o verbo indenizar é transitivo direto de pessoa e, quando indireto, de coisa:
 
Indenizei o colega dos gastos feitos na viagem.
 
Consequentemente, são desaconselhadas  as seguintes construções:
 
Os prejuízos do funcionário foram indenizados pela empresa.
 
O funcionário teve os prejuízos indenizados pela empresa.
 
Mas atenção:
 
As duas últimas construções acima citadas são costumeiramente adotadas por alguns meios de comunicação, daí encontrarmos manchetes como "Prejuízos causados por _____ são indenizados".
 
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sábado, 29 de setembro de 2012

A MAIÚSCULA E A MINÚSCULA NOS NOMES COMPOSTOS

Nomes compostos podem ser escritos com ou sem hífen, e podem ainda ter suas iniciais maiúsculas ou não. Vejamos algumas situações:
 
Devo escrever "Ela é uma maria vai com as outras" ou "Ela uma Maria vai com as outras"? "Sexta-feira iremos à festa" ou "Sexta-Feira iremos à festa"? "Lá vem o Ursinho de Pelúcia" ou "Lá vem o ursinho de pelúcia"?
 
Vamos às regras.
 
A Base XIX, 2º, do último Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, diz que os antropônimos (reais ou fictícios) devem ter suas iniciais maiúsculas. Ou seja, os nomes de registro e os apelidos têm as iniciais maiusculizadas.
 
Suponhamos que "ursinho de pelúcia" seja o apelido de determinada pessoa. Diremos, então: "Estamos sentindo a falta do Ursinho de Pelúcia". Este mesmo composto deixaria ter suas iniciais maiúsculas se, em vez de tratar essa pessoa pelo apelido, houvesse a designação de um modo carinhoso ao se dirigir a ela, como a uma pessoa especial: "Lá vem meu ursinho de pelúcia".
 
Como se vê nesta última acepção, não temos um apelido, mas uma expressão carinhosa, uma interpelação afável.
 
Antes de qualquer decisão acerca de qual inicial usar (se maiúscula ou não) devemos atentar para o tipo de substantivo, se próprio ou comum. Este, no caso, é sempre escrito com a inicial minúscula, ainda que dele faça parte um único substantivo próprio.
 
Exemplos:
 
"Ela é uma maria vai com as outras" (e não: Maria vai com as outras).
 
"Isto é um deus nos acuda" (e não: Isto é um Deus nos acuda).
 
Doutro modo, o correto é:
 
"Que Deus nos acuda!", pois não temos elementos compostos. Nos compostos com substantivos comuns (p. ex.: sexta-feira) as iniciais minúsculas são de rigor, a menos que estejam em início de frase, em cuja situação somente a inicial do primeiro elemento é maiusculizada: "Sexta-feira iremos ao clube".
 
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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

CHEGAR A ou CHEGAR EM?

Na língua padrão, a regência verbal de "chegar" exige a preposição "a" e não a preposição "em". Assim, vejamos algumas construções corretas:

Chegamos a Quixadá hoje cedo. (e não Chegamos em Quixadá)

Chegamos ao restaurante pontualmente. (e não Chegamos no restaurante)

Chegamos a Fortaleza com meia hora de atraso. (e não Chegamos em Fortaleza)

Ao chegarmos ao local combinado, fomos surpreendidos. (e não Ao chegarmos no local)

Quando chegamos à piscina, todos já haviam saído. (e não Quando chegamos na piscina)


Atenção: A regra vale para outros verbos que designam movimentos (ir, vir, voltar...):


Fomos à praia. ( e não Fomos na praia)

Voltamos ao local do acidente. (e não Voltamos no local)


Observação: Na linguagem coloquial é admitido o emprego da preposição "em", porém evite-o na linguagem escrita e na linguagem falada em ocasiões que exigem a língua padrão.


Nota: Quando usados como intransitivos, em construções do tipo "Chegamos cedo", temos um sujeito (nós), um verbo intransitivo (chegamos) e um adjunto adverbial (cedo), razão por que não se exige a preposição.

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sábado, 4 de agosto de 2012

TENHO MUITO QUE FAZER ou TENHO MUITO O QUE FAZER?

Analise as seguintes proposições:

I - Priscila tem muito o que fazer.
II - Priscila tem muito que fazer.
III- Priscila não sabe que fazer.
IV - Priscila não sabe o que fazer.

De acordo com o que recomenda a língua padrão, assinale a opção verdadeira:

a) ( ) Todas as proposições estão corretas.
b) ( ) Somente as proposições I e IV estão corretas.
c) ( ) Somente as proposições II e III estão corretas.
d) ( ) Somente as proposições II e IV estão corretas.
e) ( ) Somente as proposições I e III estão corretas.


RESPOSTA: As opções II e IV são as duas corretas.

Sendo empregado um dos pronomes (mais, muito, pouco, nada) antes do "que", não se faz necessária a presença do pronome "o":

Priscila tem pouco que fazer.

Priscila tem mais que fazer.

Errado, portanto:

Priscila tem pouco o que fazer.

Priscila tem mais o que fazer.

Nos demais casos, temos o pronome demonstrativo "o:

Priscila não sabe o que fazer.

Priscila sabe o que fazer.

Priscila tem o que fazer. (Note a diferença: Priscila tem mais que fazer.)

Sei o que fazer. (E não: Sei que fazer.)

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segunda-feira, 11 de junho de 2012

"EU NEGOCEIO" ESTÁ CORRETO?

Analisemos as seguintes proposições:

I - Eu negocio diretamente com o cliente.
II - Eu negoceio diretamente com o cliente.
III - Eu premio o vencedor.
IV - Eu premeio o vencedor.

Aponte, agora, a única opção verdadeira:

a) ( ) As quatro proposições estão corretas, uma vez que o novo Acordo sancionou a segunda e a quarta frases.

b) ( ) Somente a segunda e a quarta proposições estão corretas, uma vez que o novo Acordo passou a condenar a primeira e a terceira alternativas.

c) ( ) O novo Acordo não mexeu com os verbos em questão, de modo que permanecem como verdadeiras somente as construções I e III.

d) ( ) A nova mudança consiste no seguinte: a sílaba tônica passa a ser na mesma sílaba tônica do substantivo correspondente, surgindo, então as seguintes construções: eu negócio e eu prêmio.

e) ( ) Há somente uma proposição errada.


Resposta: A alternativa "a" é a verdadeira.

Diz a alínea "e" (parte final) da Base V do Acordo de 1990:

"...Existem, no entanto, verbos em -iar, ligados a substantivos  com as terminações átonas -ia ou -io, que admitem  variantes na conjugação: negoceio ou negocio (cf. negócio); premeio ou premio (cf. prémio/prêmio); etc.".

Mesmo sendo corretos os empregos "Eu negoceio" e "Eu premeio", dificilmente passaremos a adotá-los, porque do ponto de vista estético não nos parece algo familiar, senão algo que foge à norma padrão. Mas as duas formas estão corretas!

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quarta-feira, 23 de maio de 2012

A MAIORIA ERA ou A MAIORIA ERAM?

Analisemos as seguintes proposições:

I - A maioria gostam de estudar.
II - A maioria gosta de estudar.
III - A maioria eram estudantes.
IV - A maioria era estudantes.

Sobre o emprego da concordância verbal, assinale a única opção verdadeira:

a) ( ) As quatro alternativas estão corretas.
b) ( ) As alternativas I e III estão erradas.
c) ( ) As alternativas II e IV estão corretas.
d) ( ) As alternativas I e IV estão erradas.
e) ( ) Há somente uma alternativa errada.

 Resposta: Tratando-se do verbo "ser", se o sujeito é uma palavra (ou expressão) de sentido coletivo, e sendo o predicativo um substantivo no plural, o verbo fica no referido plural.

Assim, o correto é "A maioria eram estudantes".

Se, no entanto, a palavra de sentido coletivo vier especificada, posso deixar o verbo no singular ou no plural:

"A maioria dos presentes eram estudantes" e "A maioria dos presentes era estudantes".

Não se tratando do verbo "ser", o singular é de rigor desde que a palavra de sentido coletivo não venha especificada, como no seguinte exemplo: "A maioria gosta de estudar".

No entanto, havendo a especificação acima mencionada, são lícitas as  duas construções seguintes:

"A maioria dos candidatos gosta de estudar" e "A maioria dos estudantes gostam de estudar".

A opção "d" é a resposta do problema.

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sexta-feira, 4 de maio de 2012

QUE EU ÁGUE, QUE EU AGÚE ou QUE EU AGUE? (QUESTÃO JÁ RESPONDIDA)


Analise as conjugações verbais do verbo aguar:

I - Que eu águe a planta todos os dias!
II - Que eu agúe a planta todos os dias!
III - Que eu ague a planta todos os dias!

Considerando as recentes alterações ortográficas, aponte a única opção correta:

a) ( ) Somente a proposição "III" está errada.
b) ( ) Somente a proposição "II" está correta.
c) ( ) Somente a proposição "I" está correta.
d) ( ) Somente a proposição "II" está errada.
e) ( ) Somente a proposição "III" está correta.

Resposta: A conjugação destes verbos sofreu alterações com a última reforma ortográfica.

O "u" tônico não deve mais ser acentuado. Nesta acepção, eu posso escrever "Eu aguo", mas jamais "Eu agúo".

A outra mudança diz respeito à possibilidade do emprego de uma variante com o "u" átono, cujo acento recai na primeira sílaba. Nesta acepção, eu posso escrever "Eu águo".

Pela regra, são corretas as construções "Que eu águe" e "Que eu ague", com o "u" tônico na segundo construção.

Vejamos mais exemplos:

Ele água/agua a planta.

Eu apazíguo.

Eu apaziguo. (u tônico)

Eu averíguo.

Eu averiguo. (u tônico)

Conforme notamos, a mesma regra vale para os verbos apaziguar, averiguar, delinquir e apropinquar.

As construções populares "Eu agou a planta" e "Ele agoa a planta" sempre foram erradas do ponto de vista da língua padrão.

A opção "d", portanto, é a única resposta correta.

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

O POSSESSIVO DETERMINANDO DOIS SUBSTANTIVOS DO SINGULAR


Sobre o emprego do pronome possessivo determinando dois substantivos do singular, aponte a alternativa que melhor se submete à língua padrão:

a) ( ) Hoje teremos a presença do nosso Pedro e do nosso Rafael.
b) ( ) Hoje teremos a presença dos nossos Pedro e Rafael.
c) ( ) Hoje teremos a presença do nosso Pedro e Rafael.

Resposta: Do ponto de vista gramatical as duas primeiras opções estão corretas; no entanto, a segunda (b) se mostra mais indicativa.

Abordando o tema, Bechara transcreve o comentário feito pelo linguista Álvaro Ferdinando de Sousa da Silveira (1883 - 1967) acerca do seguinte texto de Manuel Odorico Mendes (1799 - 1864), autor das primeiras traduções integrais das obras de Virgílio e Homero:

"e os nossos Basílio e Durão, bem assim o Sr. Magalhães...".

O comentário de Sousa da Silveira foi o seguinte:

"O possessivo no plural, determinando dois substantivos do singular, e evitando assim o impreciso de 'o nosso Basílio e Durão' e o pesado de 'o nosso Basílio e o nosso Durão'".

Chamou de "impreciso", no primeiro caso, pelo fato do pronome no singular, no contexto em questão, ser empregado quando determina dois substantivos que se referem a uma só pessoa, a exemplo de "O nosso advogado e prefeito". Aqui, fica evidenciado que se trata de uma pessoa, que ao mesmo tempo é advogado e prefeito. Isto justifica a não recomendação da opção "c".

Chamou de "pesado" pelo fato de se utilizar a duplicidade do pronome "nosso" com referência a dois substantivos que indicam duas pessoas. Isto justifica a não recomendação da opção "a".

Resta-nos, pois, a opção "b", corretamente assinalada.

Por analogia podemos escrever e dizer mais acertadamente:

"Acabaram de chegar os nossos prefeito e vereador".

"Acabaram de chegar as nossas prefeita e vereadora".

Sendo os substantivos um masculino e o outro feminino, melhor escrever

"Acabaram de chegar o nosso prefeito e a nossa vereadora".

"Acabaram de chegar a nossa vereadora e o nosso prefeito".

Evitem-se, por questão de eufonia, frases do tipo:

"Acabaram de chegar os nossos vereadora e prefeito".

"Acabaram de chegar os nossos prefeita e vereador".

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sábado, 31 de março de 2012

RESIDENTE NA RUA TAL ou RESIDENTE À RUA TAL? MORA NA RUA TAL ou MORA À RUA TAL?

Analise as seguintes proposições:

I - Os dois moram na rua Presidente Kennedy. 
II - Os dois moram à rua Presidente Kennedy.
III - Os dois residem à rua Presidente Kennedy.
IV - Os dois residem na rua Presidente Kennedy.

Levando em conta a regência dos verbos "residir" e "morar", assinale a única resposta correta.

a) ( ) As proposições II e III são as únicas corretas.
b) ( ) As proposições I e IV são as únicas corretas.
c) ( ) Todas as proposições estão corretas.

Resposta: A regência de ambos os verbos exige a preposição "em" e não a preposição "a".

São erradas, portanto, as construções do tipo: "Residente à rua" e "Mora à rua".

Devemos escrever (e dizer): "Residente na rua" e "Mora na rua". A opção "b" é a única verdadeira.
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sexta-feira, 9 de março de 2012

DEVENDO SER ou DEVENDO SEREM

Analise as seguintes proposições:

I - As testemunhas serão ouvidas, devendo ser mantidos os réus ausentes do recinto.

II - As testemunhas serão ouvidas, devendo serem mantidos os réus ausentes do recinto.

IIII - As testemunhas serão ouvidas, devendo ser mantido os réus ausentes do recinto.

Sobre o emprego de devendo ser(em) mantido(s), é correto afirmar:

a) ( ) A proposição I é a única correta.
b) ( ) A proposição II é a única correta.
c) ( ) A proposição III é a única correta.
d) ( ) Há duas proposições corretas.
e) ( ) As três proposições estão corretas.

Resposta:

Trata-se de uma locução verbal, e como tal, o verbo principal não é flexionado. “Devendo ser” é formado por um auxiliar modal (dever) e um verbo principal (ser), embora este tenha sido popularizado como um dos principais verbos auxiliares (ao lado de estar, ter e haver).

É importante observar que é o verbo principal que dá sentido à expressão verbal. Assim, em “Ele vai fazer uma prova hoje”, o verbo “fazer” (principal) é indispensável à cognição, ao sentido da frase ou do que de fato se quer dizer. 

Retiremos o verbo auxiliar (ir) e podemos ter o seguinte texto: “Ele fará uma prova hoje”.

Observe que, retirando-se o auxiliar, mas mantendo o principal, o sentido permanece. Porém, fazendo o inverso, temos uma construção sem sentido, incompleta: “Ele vai concurso hoje”. Assim, para se saber com exatidão quem é o principal, é só atentar para o que acabamos de recomendar.

Vamos, agora, descobrir quem é o verbo principal na locução verbal “devendo ser” em “As testemunhas serão ouvidas, devendo ser mantidos os réus ausentes do recinto”.

Primeiramente vamos manter o verbo “dever” e retirar o “ser”: “As testemunhas serão ouvidas, devendo mantidos os réus ausentes do recinto”.

Vamos, agora, fazer o inverso: excluir o verbo “dever” e manter o verbo “ser”: “As testemunhas serão ouvidas, e serão mantidos os réus ausentes do recinto”.

Nota-se, pois, que “dever” é o verbo auxiliar, ao passo que “ser”, o principal. Pois bem: diz-nos a regra que, numa locução verbal, o verbo principal nunca é flexionado, sendo que o mesmo se apresenta no gerúndio, particípio ou no infinitivo. Como “ser” é o verbo principal, jamais ele pode ser flexionado, o que impossibilita a construção “devendo serem”, assim como “podendo serem”. O certo é escrever sempre “devendo ser” e “podendo ser”.

Com relação a “mantidos” ou “mantido”, tal particípio concorda com o sujeito relacionado, no caso “réus”(no plural). Assim, a frase também ficaria correta deste modo:

“As testemunhas serão ouvidas, devendo os réus ser mantidos ausentes do recinto”.

A opção “a” é a única verdadeira.
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

REGÊNCIA DE "DÚVIDA"

Analise as seguintes proposições:

I - Raquel tem dúvidas do procedimento adotado pela faculdade.
II - Raquel tem dúvidas acerca do procedimento adotado pela faculdade.
III - Raquel tem dúvidas em relação ao procedimento adotado pela faculdade.
IV - Raquel tem dúvidas sobre o procedimento adotado pela faculdade.

Marque a única alternativa verdadeira, levando em conta a regência nominal de "dúvida":

a) ( ) Todas as proposições estão corretas.
b) ( ) Somente a proposição IV está errada.
c) ( ) Somente a proposição I está errada.
d) ( ) As proposições I e IV estão erradas.
e) ( ) Há somente uma proposição correta.

Resposta: Todas as proposições estão corretas; logo, a primeira opção é a única verdadeira.

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A GENTE VAMOS

Em uma conversa cotidiana, José diz para Maria: "A gente vamos hoje e volta amanhã". A questão é: os verbos "ir" e "voltar" estão devidamente empregados na referida frase?

Do ponto de vista gramatical não há erro na frase, mas, na linguagem formal, não devemos usar o verbo no plural. Por que, enfim, "A gente vamos" está correto?

A concordância se dá de palavra para palavra ou de palavra para sentido. No primeiro caso, por exemplo, a seguinte frase pode nos servir de modelo: "Eles disseram que José virá".

O verbo "dizer", no plural, está concordando com a palavra "eles", ao passo que o verbo "vir" está no singular porque está se referindo ao substantivo "José". Conforme se vê, temos a concordância de palavra para palavra.

Já em "O povo disse que não aceitará mais enrolação política, de sorte que estavam dispostos a enfrentar qualquer tentativa contrária", a conjugação verbal "estavam" - que se refere ao substantivo "povo" - se acha no plural porque está concordando com a ideia de pluralidade contida no referido substantivo. É a concordância de palavra para sentido, ou, no dizer gramatical, temos uma silepse.

Assim, do ponto de vista gramatical, não haveria erro em "A gente vamos", "A gente fomos", etc.

No entanto, como bem assinala Evanildo Bechara, "A língua moderna impõe apenas a condição estética" como critério para se escolher a frase a ser empregada.

Neste sentido, note que em "O povo disse que não aceitará mais enrolação política, de sorte que estavam dispostos a enfrentar qualquer tentativa contrária", o verbo conjugado no plural (estavam) se acha distante do substantivo "povo", daí a tolerância de seu emprego.

Segue-se, pois, que a construção "A gente vamos" só é admitida em se tratando de linguagem coloquial, seja ela em momento de representação (teatro, cinema), seja ela na vida real. Do mesmo modo, estando o verbo distante na frase do sujeito a que se refere, é possível o emprego da conjugação no plural.

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

ELE CONVERSOU COM O DIRETOR E DEMAIS SERVIDORES ou ELE CONVERSOU COM O DIRETOR E COM OS DEMAIS SERVIDORES?

Tanto é correto escrever O juiz conversou com o diretor e demais servidores, como O juiz conversou com o diretor e com os demais servidores.

Em construções como estas a preposição pode ser empregada ou omitida, desde que não deixe o sentido obscuro.

Já na frase:

O servidor conversou com o juiz e diretor, a omissão da preposição antes do vocábulo diretor pode gerar ambiguidade, uma vez que não se sabe ao certo se o servidor conversou com o juiz (que também era diretor do Fórum) ou se com o juiz e com o diretor da secretaria.

Assim, em situações como as descritas acima, melhor empregar, por questão de clareza, a preposição em dose dupla.

Junto de pronomes pessoais tônicos, é preferível o emprego duplicado da preposição:

Ele se voltou contra mim e contra ti.

Evite, portanto:

Ele se voltou contra mim e ti.

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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

NASCIDO A ou NASCIDO EM?

As duas opções estão corretas. Tanto posso empregar a preposição "a" como a preposição "em", desde que se faça menção ao tempo. Em se tratando de lugar, use sempre "em" e nunca "a".

Assim, posso escrever (e dizer):

Fulano Sicrano Beltrano, natural de Quixadá, nascido em 27 de janeiro de 2012.

OU

Fulano Sicrano Beltrano, natural de Quixadá, nascido a 27 de janeiro de 2012.


Use "aos" se acompanhado da palavra "dias", embora a omissão da referida palavra não constitua um erro:

Fulano Sicrano Beltrano, natural de Quixadá, nascido aos 27 dias de janeiro de 2012.


Vejamos outros exemplos válidos:

O juiz chegou à comarca em 27 de janeiro de 2012.

O juiz chegou à comarca a 27 de janeiro de 2012.

Nascido em Senador Pompeu, a 27 de janeiro de 2012.

Nascido em Senador Pompeu, em 27 de janeiro de 2012.

Nunca escreva:

Nascido a Aquiraz, em 27 de janeiro de 2012.

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SOUSA OU SOUZA? TERESA OU TEREZA? LUÍS OU LUIZ? ISABEL OU IZABEL? TOMÁS OU TOMAZ? BALTASAR OU BALTAZAR? QUEIRÓS OU QUEIROZ? ELISEU OU ELIZEU? MANUEL OU MANOEL? HELOÍSA OU ELOÍSA? LUÍSA OU LUÍZA?

Os nomes próprios devem se sujeitar às regras gramaticais ou não? Os nomes em questão são escritos com "s" ou "z"? Com "u" ou "o"?

São dúvidas frequentes, as quais, muitas vezes, afetam pessoas de várias classes sociais, doutas ou não. O que dizem as gramáticas sobre os nomes próprios em questão?

O correto é usar o "s" e não o "z": Sousa, Luís, Luísa, Inês, Valdês, Eliseu, Teresa, Isabel, Tomás, Baltasar, Queirós. Em Heloísa, além do "s", temos o "h". O correto é escrever Manuel e não Manoel.

Atente para o uso do acento, que somente deve existir nos casos sujeitos às regras gramaticais pertinentes à acentuação gráfica. É o caso, por exemplo, de "Queirós", que tem acento por ser uma oxítona terminada em "o" (seguido ou não de "s").

Em "Luís", por exemplo, o motivo do acento difere de "Luiz", que não deve ser acentuado porque não se acentuam os oxítonos terminados em "z".

E como ficam os casos dos nomes próprios já registrados (já registrados e não os novos registros)? Fica a critério de cada um, seja em relação à ortografia, seja em relação à acentuação. Assim, embora deva existir acento em "Zanílton" (paroxítona terminado em "n"), há casos em que o registro foi feito sem o acento, um erro gramatical, mas permitido.

A reforma ortográfica, em sua Base XXI, abordou o tema. Diz o texto na íntegra:


"Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume ou registro legal, adote na assinatura do seu nome. Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registro público".

Vale observar que muitos erros gramaticais nos nomes próprios de pessoas se devem em razão da falta de conhecimento dos servidores dos cartórios, que deveriam instruir os pais acerca do bom uso gramatical. Em outros casos, ainda que o servidor perceba o erro, são os pais que insistem em manter o nome com o referido erro, muitas vezes para conservar a tradição do sobrenome familiar.

Alheios à boa ordem gramatical, muitos afirmam que, em se tratando de nome próprio de pessoa, é lícito ferir as regras pertinentes ao caso. Não é bem assim. O que se admite, como bem destaca a Base XXI do Acordo, é a conservação de um nome para ressalva de direitos.

Assim, se você é registrado como "Andréia", embora hoje o acento constitua um erro, você não precisa alterar o registro (retirando o acento), mas, por outro lado, não pode afirmar que o acento se enquadra aos casos sujeitos à acentuação gráfica.

Conclui-se, portanto, que os cartórios de registro civil devem ficar atentos às novas regras, e, sempre que possível, convencer os pais no sentido de submeterem os nomes de seus filhos à nova realidade, ainda que em relação aos sobrenomes seja mais difícil, por razões ligadas à tradição ou até mesmo para evitar problemas burocráticos, como é o caso, por exemplo,  dos pais e irmãos serem registrados com "Souza" e o caçula ser registrado com "Sousa".
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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

EMPREGOS DO VERBO HAVER

Analise as seguintes proposições:

I - Há 10 dias que o grevista não se alimentava.
II - Houve dias turbulentos.
III - Os grevistas pediram-lhes que houvesse piedade deles.
IV - Todos eles se houveram com educação.
V - Se não fosse a chuva, teriam havido outros espetáculos.

Levando em consideração os empregos do verbo haver, assinale a única opção correta:

a) ( ) Somente as proposições II e IV estão corretas.
b) ( ) Somente as proposições I e II estão corretas.
c) ( ) A proposição I está correta e a proposição IV está errada.
d) ( ) Há três proposições corretas.
e) ( ) Há quatro proposições corretas.

Resposta: Somente as proposições II e IV estão corretas. Vamos à explicação:

Proposição I > O correto é "Havia dias que o grevista não se alimentava". Existindo na mesma frase um verbo no pretérito imperfeito (no caso em questão "alimentava"), o verbo "haver" também fica no pretérito imperfeito. Doutro modo teríamos "Há dias que o grevista não se alimenta". Observe que estando o verbo "alimentar" no presente, no referido tempo e modo é conjugado o verbo "haver".

Proposição II > O verbo "haver" no sentido de "existir" é impessoal, daí ficar sempre no singular.

Proposição III > No sentido de "ter", o verbo "haver" é pessoal, ou seja, pode ser conjugado de acordo com o pronome e o sentido de sigularidade ou pluradidade utilizados. Na frase em questão, o verbo "haver" deveria estar no plural: "Os grevistas pediram-lhes que houvessem piedade deles", ou seja, "Os grevistas pediram a eles [pessoas indeterminadas] que tivessem piedade deles [dos grevistas]". Outro exemplo: "Gostaria que vocês houvessem piedade da vítima".

Proposição IV > No sentido de "portar-se", o verbo "haver" é pessoal (cf. explicação da proposição anterior). Assim, a frase dita de outro modo, temos: "Todos eles se portaram com educação".

Proposição V > O verbo "haver" em questão é impessoal, com sentido de "existir" (cf. a explicação da proposição II).

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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ANO NOVO OU ANO-NOVO?

É comum, no mês de dezembro, lermos e ouvirmos a seguinte frase: "Feliz Natal e um próspero ano novo".

Não seria "Feliz Natal e um próspero ano-novo"?

Ou quem sabe "Feliz Natal e um próspero Ano-Novo"?

E finalmente por que não "Feliz Natal e um próspero Ano Novo"?

As dúvidas, portanto, giram em torno do emprego do hífen e das iniciais maiúsculas em "Ano" e "Novo".

O § 2º, alínea "e", do texto oficial do Acordo Ortográfico diz que deverão ser escritos com iniciais maiúsculas os vocábulos que designam nomes de festas e festividades.

Eis o porquê de sempre escrevermos "Natal", com a inicial maiúscula. Quanto a outra festa em questão, podemos afirmar, por analogia, que as maiúsculas também são de rigor, caso se trate da festividade de passagem de ano.

E quanto ao hífen? Há duas situações: se o vocábulo designa o ano inteiro, de 12 meses, devemos escrevê-lo sem hífen e com as iniciais minúsculas. Se, por sua vez, diz respeito ao chamado "Réveillon", melhor escrevê-lo com hífen e com as iniciais maiúsculas:

Feliz Natal e um próspero ano novo. (= Feliz Natal e um próspero 2012.)

Feliz Natal e um excelente Ano-Novo. (= Feliz Natal e um excelente Réveillon.)

Assim, devemos ficar atentos ao que realmente queremos dizer. Note que é possível a construção:

"Desejo a todos um Ano-Novo festivo e um próspero ano novo".

Tal posicionamento adotado por este blog não tem unanimidade, nem entre os dicionaristas, nem entre a imprensa escrita. O Aurélio, por exemplo, discutindo o verbete em questão, traz o seguinte:

"ano-novo

substantivo masculino.

1.O próximo ano; o ano entrante:

'Estamos com sono, vamos dormir. Damos boa noite, bom ano-novo, eu abraço meu tio.' (Ricardo Ramos, Matar um Homem, p. 168.)

2.A meia-noite do dia 31 de dezembro; ano-bom.

3.O dia 1º de janeiro; ano-bom. [Pl.: anos-novos.]"


Perceba que, pelo ensinamento do citado dicionário, o uso do hífen e das iniciais minúsculas é de rigor, seja em relação às festividades da passagem do ano, seja em relação ao ano inteiro.

A imprensa, por sua vez, aparentemente tem ignorado o hífen, oscilando apenas em relação às iniciais, independentemente do significado.

Reafirmamos nossa postura, a saber: Ano-Novo (= festividades de passagem de ano) e ano novo (= ano inteiro, período de 12 meses).

Frisamos, mais uma vez, que a alínea "e" do parágrafo 2º do Acordo nos autoriza o uso das iniciais maiúsculas quando o vocábulo se refere às festividades de passagem de ano, embora a grafia oficialmente posta traz as iniciais minúsculas.

Caso você ainda tenha dúvida na hora de se deparar com tais situações, pode usar um atalho e escrever:

"Feliz Natal e boas festas", referências ao Natal em si e às festas da passagem de ano.

Sugerimos o comentário detalhado que fizemos acerca da Base XIX do Acordo:

Comentários sobre os empregos das iniciais maiúsculas e minúsculas

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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A VÍRGULA ANTES E DEPOIS DE "ETC."


Sobre o uso da vírgula antes e depois de "etc.", aponte eventual erro em cada uma das proposições abaixo:

I - O dançar, o cantar, o representar, etc. fazem bem ao ser humano.
II - O dançar, o cantar, o representar etc. fazem bem ao ser humano.
III - O dançar, o cantar, o representar, etc., fazem bem ao ser humano.
IV - O dançar, o cantar, o representar etc., fazem bem ao ser humano.

Resposta: Aqueles que defendem a não utilização da vírgula antes de "etc." o fazem alegando que a referida abreviatura significa "e as outras coisas", de sorte que a presença do "e" dispensaria o sinal gráfico em questão.

Hoje, no entanto, a presença da vírgula em tal posição no texto tem maior aceitação. Autores consagrados como Cegalla e Bechara utilizam o dito sinal de pontuação antes de "etc." em situações como as descrevemos acima. O mesmo entendimento é compartilhado pelo Aurélio, que, abordando o verbete aqui retratado, traz o seguinte exemplo: "Comprou na feira legumes, verduras, frutas, etc."

O mesmo dicionário ainda faz uma interessante observação de valor histórico. Diz-nos que inicialmente a referida abreviatura era usada somente em relação a coisas e não a pessoas. Posteriormente, passou-se a usá-la também em menção a estas.

Quanto ao uso da vírgula depois de "etc.", basta reescrever a mesma frase sem a referida abreviatura, atentando para as regras gramaticais pertinentes ao uso da vírgula. Sendo esta de rigor, use-a após o "etc."; em caso negativo, não a utilize:

O dançar, o cantar, o representar fazem bem ao ser humano.

Comprou na feira legumes, verduras, frutas, etc., de sorte que se deu por satisfeito.


Pelo exposto, fica evidente que das quatro proposições inicialmente propostas, somente a primeira está correta. Caberia vírgula depois de "etc." se a frase fosse assim:

O dançar, o cantar, o representar, etc., conforme é entendimento comum, fazem bem ao ser humano.

Retire a citada abreviatura na mesma frase, e note que a vírgula é de rigor antes de "conforme":

O dançar, o cantar, o representar, conforme é entendimento comum, fazem bem ao ser humano.

Frise-se, oportunamente, que a vírgula antes de "etc." é somente empregada para separar palavras ou orações justapostas assindéticas (O pó, a terra, a poeira, etc. podem causar doenças).

Portanto, estão erradas as proposições abaixo:

II - O dançar, o cantar, o representar etc. fazem bem ao ser humano.
III - O dançar, o cantar, o representar, etc., fazem bem ao ser humano.
IV - O dançar, o cantar, o representar etc., fazem bem ao ser humano.

Por fim, vale lembrar que o uso do ponto é obrigatório em tal abreviatura, que não deve ser escrita em itálico ou entre aspas, a menos que se queira destacá-la, como fizemos nesta explicação.

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domingo, 20 de novembro de 2011

CONCORDÂNCIA

Abaixo há quatro frases. Aponte aquela(s) que está(ão) gramaticalmente correta(s):

a) ( ) Estas cidades têm médicos bons.
b) ( ) Nestas cidades tem médicos bons.
c) ( ) A pesquisa revelou que só duas por cento das mulheres não gostaram do novo perfume.
d) ( ) As notícias parece que têm asas.

Resposta: As quatro opções estão corretas.

Frase a > O verbo concorda com o sujeito "Estas cidades".

Frase b > O verbo "ter", na frase em questão, é impessoal, com sentido de "haver" (= Nestas cidades médicos bons), e, portanto, deve ficar na terceira pessoa do singular.

Frase c > Embora menos recomendado que "dois por cento", o feminino empregado concorda com o substantivo a que se refere (no caso mulheres).

Frase d > Nas construções com o verbo "parecer" é lícito pluralizá-lo ou o verbo que o acompanha.

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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

CONCORDÂNCIA VERBAL COM OS VERBOS AUXILIARES "PODER" E "DEVER"

Analise as seguintes proposições:

I - Devem-se ler bons livros.
II - Deve-se ler bons livros.
III - Podem-se comprar bons livros.
IV - Pode-se comprar bons livros.

Sobre o emprego dos verbos auxiliares "poder" e "dever", aponte a única alternativa correta:

a) ( ) Somente as proposições I e III estão corretas.
b) ( ) Somente as proposições II e IV estão corretas.
c) ( ) Somente a proposição III está errada.
d) ( ) Somente a proposição II está errada.
e) ( ) Todas as proposições estão corretas.

Resposta: Estamos diante de um caso de concordância do verbo passivo. Pela regra, quando temos o pronome apassivador "se", o verbo concorda com o sujeito: "Vendem-se casas", "Fazem-se unhas", "Ali só se ouviam gemidos", "Gastaram-se milhões na construção", etc.
 
Todavia, nas locuções verbais formadas com os verbos "poder" e "dever", é lícito deixar o verbo no singular ou plural: "Não se podem (ou pode) cortar essas as plantas", "Não se devem (ou deve) cortar essas plantas".

Assim, são corretas as construções "Devem-se (ou deve-se) ler bons livros" e "Podem-se (ou pode-se) comprar bons livros".

A opção "e" é a única verdadeira.

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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

EMPREGO DO INFINITIVO

Sobre o uso do infinitivo (flexionado ou não), analise as alternativas abaixo:

I - Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzar o céu.
II - Os moradores estavam fartos de verem aviões cruzarem o céu.
III - Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzarem o céu.
IV - Os moradores estavam fartos de verem aviões cruzar o céu.

Qual a única opção verdadeira:

a) ( ) As alternativas I e III são as únicas verdadeiras.
b) ( ) A alternativa II é a única verdadeira.
c) ( ) As alternativas III e IV são as únicas verdadeiras.
d) ( ) A alternativa IV é a única verdadeira.
e) ( ) Somente a alternativa I não é verdadeira.

Resposta: Somente as alternativas I e III estão corretas; portanto, a opção "a" é a verdadeira.

O emprego do infinitivo (flexionado ou não) é matéria da língua portuguesa que gera muitas dúvidas, principalmente porque o tema em questão não é completamente consensual.

Vale anotar, preliminarmente, que a diferença entre "emprego do infinitivo" e "concordância verbal" está exatamente na possibilidade de se empregar o verbo com o "r" final. Analisemos os seguintes exemplos:

Gizelle e Jussara discordaram do posicionamento oficial.
Gizelle e Jussaram pretendiam discordar do posicionamento oficial.

Note que, na primeira frase, não é possível o verbo terminar em "r", ao passo que na segunda, sim. Outros exemplos:

Os moradores viram os aviões.
Os moradores viram os aviões cruzarem o céu.

Temos, na primeira frase, um tema de concordância verbal, enquanto na segunda, de emprego do infinitivo. Perceba que a última frase também pode ser construída assim:

Os moradores viram os aviões cruzar o céu.

Enfim, sempre que seja possível conjugar o verbo no infinitivo não flexionado (com o "r" no final, temos um assunto de "emprego do infinitivo" e não de "concordância verbal").

Não iremos, neste momento, trazer uma exposição detalhada das principais regras, visto que nos deteremos à explicação do problema aqui proposto.

Vamos recordar as duas frases verdadeiras propostas no problema:

Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzar o céu.
Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzarem o céu.

A primeira observação é com relação à construção "estavam fartos de ver", que permaneceu inalterada nas duas frases. O verbo "ver" não flexionou porque o  infinitivo complementou um adjetivo (fartos). Assim, sempre se diz:

Eles são capazes de vencer. (e não capazes de vencerem)
Eles estão dispostos a lutar. (e não dispostos a lutarem)

Nota 1: Quando ocorre a voz passiva, é possível as duas formas:

Os médicos estavam com medo de ser contaminados.
Os médicos estavam com medo de serem contaminados.

Nota 2: Quando o infinitivo está na voz reflexiva, é de rigor o infinitivo flexionado:

Eles e elas estão dispostos a se reconciliarem. (e não dispostos a se reconciliar)

A segunda observação é com relação as construções "aviões cruzar o céu" e "aviões cruzarem o céu".

Temos, aqui, um típico exemplo onde é possível flexionar ou não o infinitivo, visto que o sujeito do infinitivo é um substantivo:

aviões (substantivo); cruzar/cruzarem (infinitivo)

Note que "cruzar/cruzarem" irá concordar com o substantivo "aviões". De igual modo, são corretas as seguintes construções:

As damas antigamente mandavam os cavaleiros correr aventuras. (Rebelo da Silva)

As damas antigamente mandavam os cavaleiros correrem aventuras.

Os salários altos fazem os preços subir.

Os salários altos fazem os preços subirem.

Eles viam os anos passar depressa.

Eles viam os anos passarem depressa.

Nota 3: Se o verbo é reflexivo, melhor flexionar o infinitivo:

Eles viriam os galhos inclinarem-se para dentro do prédio. (e não inclinar-se)

Você já deve ter percebido que os verbos em destaque sempre se referem a um substantivo. Mas vejamos:

Em:

Os anos passam depressa.

não temos um caso de emprego do infinitivo e sim de concordância verbal, mesmo sabendo que a conjugação "passam" se refere a um substantivo (Os anos), e, portanto, não se verifica a possibilidade de "Os anos passar depressa" e sim "Vemos os anos passar/passarem depressa".

Neste último exemplo, o infinitivo tem sujeito próprio, diverso do sujeito da oração principal:

Sujeito da oração principal: nós
Sujeito do infinitivo: os anos.

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sábado, 15 de outubro de 2011

MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS - ((NOVO))

Nota introdutória: A presente postagem aborda, especificamente, os usos das iniciais maiúsculas e minúsculas segundo o teor do novo Acordo. Antes já havíamos postado sobre o tema, mas agora decidimos transcrever toda a Base XIX do Acordo, que será minuciosamente comentada, conforme se verá abaixo.

Os textos de verde e azul são aqueles que estão no Acordo, ao passo que os de cor preta (em negrito ou não) são de autoria do blog.


DAS MINÚSCULAS E MAIÚSCULAS

1º) A letra minúscula inicial é usada:

a) Ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes.

Comentário do blog: Isto significa dizer que a inicial maiúscula (e não a minúscula) deverá ser usada somente nos casos obrigatórios ou facultativos.

b) Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera.

Comentário do blog: São erradas, portanto, construções do tipo:

“Fortaleza, 30 de Setembro de 2011”.
“Mariana curte a Primavera, assim como Ricardo aprecia o Verão”.

Observação: A inicial maiúscula é de rigor somente se a palavra em questão estiver iniciando a frase ou integrar o nome de uma rua:

Dezembro, mês do aniversário de minha filha”.

"Ele mora na rua 15 de Novembro".

c) Nos bibliónimos/bibliônimos (após o primeiro elemento, que é com maisúcula, os demais vocábulos, podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor do paço de Ninães, O Senhor do paço de Ninães, Menino de engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e Tambor.

Comentário do blog: Bibliônimos são, em termos gerais, os nomes dos livros (= os títulos dos livros, revistas e afins). Pela convenção aqui retratata, somente é obrigatório o uso de inicial maiúscula na primeira palavra e nos nomes próprios contidos no título.

Não se exige mais, portanto, a inicial maiúscula em todas as palavras que compõem o título de obra: Novíssima gramática da língua portuguesa ou Novíssima Gramática da Língua Portuguesa; História da Inteligência Brasileira ou História da inteligência brasileira.

Observação: Não serão maiusculizados os seguintes vocábulos: o, os, a, as, e, às, com, em, na, nas, de, da, do, das, dos, pelo, pela, para, sobre, é, etc., a menos que iniciem o título do livro.


d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.

Comentário do blog: Só é admissível o emprego da inicial maiúscula quando houver a personificação, a título de exemplo, como encontramos num exemplo citado no Manual de Redação da Presidência da República. Na ocasião, consta Fulano de Tal (sem o itálico), fazendo as vezes de uma autoridade, a quem era endereçado um ofício. Nas demais situações, usa-se a inicial minúscula.


e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul (mas: SW sudoeste).

Comentário do blog: Não confundir com as regiões administrativas de um país, em cuja situação a inicial é maiúscula. Vejamos alguns exemplos onde devemos empregar a inicial minúscula:

Exemplo 1: “Fabiana por pouco não se perdeu na floresta; foi salva graças à bússola, que a orientou rumo ao sul, para onde deveria se dirigir”.

Exemplo 2: “Renato bem que recomedou fosse a bússola usada com os pontos cardeais com letra grande e bem visível: norte, sul, leste, oeste”.

Exemplo 3: “A técnica judiciária redigiu o mandado de intimação, em cujo expediente fez questão de mencionar os limites do terreno objeto do litígio: ao leste: com terras de José; ao oeste: com terras de Maria; ao sul: com terras de Pedro; ao norte: com terras de Helena”.

Observação: Não confundir com a convenção a que faz menção o parágrafo 2º, item “g”, mais adiante.


f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste caso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena).

Comentário do blog: Axiônimos são palavras corteses de tratamento, a exemplo de senhor, doutor, excelência. Hagiônimos, por sua vez, são palavras sagradas, a exemplo de santo e santa.

Reside, neste dispositivo, uma celeuma até então sem consenso. Há quem defenda que a expressão “opcionalmente, neste caso” seja uma menção exclusivamente aos hagiônimos, o que faria com que os axiônimos fossem usados somente com a inicial minúscula.

Ante a falta de um consenso, parece existir, atualmente, a seguinte tendência: empregar Vossa Excelência (e afins: Vossa Senhoria, etc.) com iniciais maiúsculas (mas admite-se a minúscula também), e doutor, senhor (e afins: senhora, etc.) com inicial minúscula, salvo em situações excepcionais, neste último caso, como as seguintes:

Exemplo 1: Quando usado como vocativo, nos documentos oficiais: Senhor Juiz, Senhora Juíza, Senhor Secretário, Senhora Diretora, etc.

Exemplo 2: Quando usado no endereçamento de documentos oficiais: A Sua Excelência o Senhor, etc.

Exemplo 3: Quando se pretende dar real ênfase à autoridade mencionada no corpo do documento. Há uma tendência para não mais se usar a maiúscula nesta acepção.

Quanto aos hagiônimos, há também uma tendência para o uso da inicial minúscula (santa Helena, santo Antônio, etc.), a menos quando abreviado (S. Antônio).

Observação 1: Como o texto do Acordo não faz menção explicitamente, fica subentendido que tais nomes devem ser usados com a inicial minúscula, salvo se iniciam uma frase ou quando usados:

1 - Como vocativos (Senhor Desembargador).

2 - Nos endereçamentos de documentos oficiais:

Ao Senhor
José Alfabeto e Letrado
Perito

Observação 2: Quando os nomes estão abaixo da assinatura, em documentos oficiais:

____________________________
José Alfabeto e Letrado
   Perito Nomeado

Nota: Tanto o nome do subscritor quanto sua profissão devem ficar no mesmo nível de destaque. Assim, ou os dois ficam em negrito ou totalmente maiusculizados, ou ainda sem nenhum dos dois destaques. Evite-se o itálico.

Observação 3: O adjetivo que compõe a nomenclatura do cargo deve concordar com o substantivo que o precede. Deste modo, assinalamos técnica judiciária e agente administrativa (quando pessoas do sexo feminino). Exemplo:

“Eu, Maria Feliz, analista judiciária, redigi o presente mandado; eu, Pedro Objeto, diretor da Secretaria, subscrevo-o”.

Nota: Evite o itálico em tal situação.

Observação 4: A concordância a que nos referimos na observação anterior não deve ser levada em conta quando se faz menção ao cargo, citado de forma generalizada, como nos seguintes exemplos:

“Maria Feliz fez o concurso para o cargo de analista judiciário”.

“Eis o que consta da ficha: Cargo: analista judiciário. Função: assistir diretamente o juiz em suas decisões”.

Observação 5: No corpo de um texto, seja oficial ou não, é admissível o emprego da inicial minúscula em nomes que designam altas autoridades. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, por exemplo, deixou claro que adotará tal postura.

Exemplo 1: “O ministro da Educação fará um discurso em nome do governo”.

Exemplo 2: “A presidenta da República visitou o país onde nasceu seu genitor”.

Exemplo 3: “Conforme explicou o secretário de Estado, o governador não irá voltar atrás”.

Observação 6:  Em relação ao vocábulo "papa", use a inicial minúscula quando empregado em sentido geral ou quando acompanhado do nome do titular a que se reporta o respectivo cargo:

Exemplo 1: "O papa Bento XVI era o braço inseparável do papa anterior".

Exemplo 2: "O Papa irá visitar muitos países de tradição católica".

Exemplo 3: "A tradição católica diz que Pedro foi o primeiro papa".


g) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português), matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas).

Comentário do blog: Era costume, antes da atual reforma ortográfica, o uso da inicial maiúscula em tal situação, principalmente em medicina e direito, cujos guardiães eram os operadores do direito, que insistiam em manter a inicial maiúscula, apesar da imprensa já vir empregando as duas opções. Hoje, é indiferente: “Paula cursa medicina; João, direito”.

É possível, ainda, a seguinte construção: “O juiz de direito acabou de prolatar a sentença”, com o “j” e o “d” minúsculos.


2º) A letra maiúscula inicial é usada:

a) Nos antropónimos/antropônimos, reais ou fictícios: Pedro Marques; Branca de Neve, D. Quixote.

Comentário do blog: Aqui não há muito o que se comentar, ante a clareza do texto. Nomes próprios de pessoas, reais ou fictícias, são escritos com a inicial maiúscula, incondicionalmente.


b) Nos topónimos/topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de Janeiro; Atlântida, Hespéria.

Comentário do blog: Agora tratamos sobre nomes próprios de lugares, e, como já exposto no enunciado do Acordo, tais nomes, sejam eles reais ou imaginários, são escritos com a inicial maiúscula. Assim, Céu, Inferno, Purgatório, Hades (e afins: Seol, etc.) são maiusculizados em suas respectivas letras iniciais.

Observação 1: “Céu” e “Inferno” devem ter a inicial minúscula em acepções como as que seguem:

Exemplo 1: “Olhei para o céu e contemplei um azul quase inédito”.

Exemplo 2: “As aves voam no céu, e aqui contemplamos a perfeita harmonia”.

Exemplo 3: “A fome era tanta, que José feriu o céu da boca … com o garfo”.

Exemplo 4: “Hoje o trânsito está um caos, um verdadeiro inferno”.

Observação 2: Os nomes comuns antepostos a nomes próprios de acidentes geográficos podem ser escritos com a inicial maiúscula ou minúscula, exceto se o nome anteposto fizer parte da nomenclatura do “acidente geográfico”:

Exemplo 1: Baía de Guanabara ou baía de Guanabara; Rio Amazonas ou rio Amazonas; Riacho Ipiranga ou riacho Ipiranga; Rio São Francisco ou rio São Francisco; Lagoa Rodrigues de Freitas ou lagoa Rodrigues de Freitas; Ilha do Bananal ou ilha do Bananal; Serra do Mar ou serra do Mar; Pico da Neblina ou pico da Neblina; Estreito de Gilbratar ou estreito de Gilbratar; Oceano Atlântico ou oceano Atlântico, etc.

Mas: Mar Morto, Mar Vermelho, Trópico de Câncer, Hemisfério Sul, Trópico de Capricórnio, Hemisfério Norte, Círculo Polar Ártico, etc.

c) Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Neptuno/ Netuno.

Comentário do blog: Aqui entra o nome Satanás (e afins: Lúcifer, Capeta, Cão, Diabo).

Observação: Tais nomes têm a inicial minúscula em situações como as que seguem:

Exemplo 1: “Que vida satanás, dizia frequentemente!”. (= Que vida ruim, maldita)

Exemplo 2: “Para com isso; que diabo!” (= Que coisa chata)

d) Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdência Social.

Comentário do blog: Entram na relação quaisquer órgãos públicos ou estabelecimentos particulares: Secretaria de Educação, Padaria do João Letreiro, Farmácia Leve Agora, etc.

Observação 1: Quando se pretende escrever o nome por extenso e sua respectiva sigla, esta deve vir depois, separada por parênteses ou travessão (neste caso, com uma vírgula no final da sigla):

Exemplo 1: “O aposentado se dirigiu ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) como se estivesse indo ao próprio velório”.

Exemplo 2: “O aposentado se dirigiu ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, como se estivesse indo ao próprio velório”.

Obervação 2: Usados em sentido geral, sem especificar o órgão ou estabelecimento, usa-se a inicial minúscula:

Exemplo 1: “O aposentado foi ao banco sacar seu dinheiro”.

Exemplo 2: “Foi à padaria: fez questão de repetir o velho hábito”.

Exemplo 3: “Como Patrícia estuda no Colégio Passe Agora, suponho que ela tenha ido ao referido colégio antes de viajar”.

Exemplo 4: “Dona Francisca comprou essa roupa nas Lojas Finas; só poderia ter sido lá mesmo: era fina como a própria loja”.

Exemplo 5: “Fui ao mercado; depois, à loja do Barbosa”. (Neste caso, está subentendido que o nome da loja não é “Loja do Barbosa”; caso contrário, a inicial maiúscula seria de rigor.

Da mesma forma: “Vanessa se dirigiu ao banco Bradesco”, porquanto o referido banco está registrado somente como “Bradesco”).

Observação 3: Escreva “Fui à padaria do João Letreiro”, com o “p” minúsculo, caso o vocábulo “padaria” não integre o nome de registro oficial.


e) Nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos.

Comentário do blog: Antes do Acordo havia a determinação no sentido de se usar a inicial minúscula em palavras que designassem festas pagãs ou populares.

Pelo dispositivo acima, é possível interpretar que tal exceção perdeu seu valor. Ainda assim, encontramos em gramáticas respeitadas, como a de Cegalla e a de Bechara, a recomendação no sentido de se manter a prescrição anterior.

Parece que tal interpretação não se sujeita ao espírito do legislador, de modo que recomendamos seja observada a atual convenção, que não faz referência a sequer uma exceção. Assim, optamos por escrever, por exemplo, Carnaval.

f) Nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado de São Paulo (ou S. Paulo).

Comentário do blog: Entram, nesta relação, os títulos de livros. Exemplo: Moderna Gramática Portuguesa, História da inteligência brasileira, etc.

Conforme vimos no item “c” do primeiro parágrafo, somente a inicial deve ser maiúscula, uma vez que às demais é facultada a opção pela minúscula. Pelo presente dispositivo (item “f”) interpretamos que o itálico deve ser usado nos títulos de periódicos e demais obras literárias.

Observação 1: As siglas também ficam em itálico: “Acabei de comprar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp): um excelente investimento”.

Observação 2: O itálico é usado, ainda, para destacar uma ou mais palavras (ou expressões), as quais estão sendo empregadas como exemplo, para fins pedagógicos.

Nesta acepção, basta verificar os exemplos trazidos nos dispositivos desta Base (XIX), bem como aqueles expostos pelo comentário do blog. As palavras e expressões estrangeiras também são escritas em itálico, desde que não intercaladas por aspas.

Evite-se o emprego do itálico e aspas simultaneamente.


g) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente, por oriente asiático.

Comentário do blog: “Absolutamente” significa, aqui, a clara referência a uma região administrativa de um estado ou país. Quando digo “Moro no Nordesde do Brasil”, estou me referindo à região administrativa (nove estados).

Por outro lado, se escrevo “Vou ao sul do país”, quero dizer unicamente que penso em ir à parte sul do país, não necessariamente a um dos três estados que compõem a região administrativa chamada Sul.

Da mesma forma: “O mar banha, com gosto e ênfase, o oriente brasileiro”. E ainda: “Acredita-se, no Ceará, que a chuva que vem do sul é mais produtiva, mais destrutiva, mais forte”.

Perceba, no último exemplo, que sul significa a parte sul de onde se está, e não o Sul do país.

Observação 1: Meio-Dia está com as iniciais maiúsculas porque o referido composto é o nome de uma região da França.

Observação 2: Remetemos o leitor ao item “e” do primeiro parágrafo do presente Acordo.

h) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente regula­das com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H­2O, Sr., V. Exª.

Comentário do blog: Interpretamos, aqui, a obrigatoriedade do uso da inicial maiúscula em abreviaturas cujas respectivas palavras sejam usadas não somente com a inicial maiúscula, mas também as minusculizadas. É o exemplo de Prof., cuja inicial de professor não é, necessariamente, maiúscula.

Assim, embora devamos escrever senhor, professor, doutor, suas respectivas abreviaturas têm a inicial maiúscula, incondicionalmente, como no seguinte exemplo: “Estarão presentes ao evento o Prof. Fabrício e o Dr. Prof. Amélio”.

Observação 1: Quanto aos dispositivos de uma lei (artigo, inciso, etc.), parece-nos que não há a obrigatoriedade da inicial maiúscula, a menos que iniciem a linha de um texto. Vejamos:

Exemplo 1: “O juiz fez menção ao art. 5º da Lei nº 9.099/95”.

Exemplo 2: “O juiz fez menção ao art. 3º, inc. I, da Lei nº 9.099/95”.

Observação 2: É recomedável que, em se tratando de dispositivos de lei, seja usada a forma por extenso:

Exemplo 1: “O juiz fez menção ao artigo 5º da Lei nº 9.099/95”.

Exemplo 2: “O juiz fez menção ao artigo 3º, inciso I, da Lei nº 9.099/95”.

Observação 3: Use a inicial maiúscula nos vocábulos lei, portaria, regulamento (e afins), se os mesmos vierem acompanhados do respectivo número. A mesma regra vale para os expedientes judiciários (mandado de intimação, mandado de citação, carta de intimação, carta de citação, etc.) e para os documentos de identificação pessoal, desde que não abreviados (certidão de nascimento, certidão de casamento, CPF, etc.). Caso contrário, use a inicial minúscula:

Exemplo 1: “O juiz se reportou à Lei 9.099/95”.

Exemplo 2: “O juiz proferiu sua sentença com base em lei”.

Exemplo 3: “O advogado fez menção à Portaria 18/2011 ”.

Exemplo 4: “O juiz proferiu sua sentença com base em portaria do tribunal”.

Exemplo 5: "A colega acabou de expedir o mandado de averbação".

Exemplo 6: "A colega acabou de expedir o Mandado de Averbação 15/2011".

Exemplo 7: "A Secretaria da Vara se reportou à carta de intimação, ao mandado de citação e ao alvará judicial".

Exemplo 8: "Conforme o Alvará Judicial nº 55/2011".

Exemplo 9: "O réu se fez presente portando seu CPF e sua certidão de casamento".


i) Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierar­quicamente, em inicio de versos, em categorizações de logradouros públicos: (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha).

Comentário do blog: Pelo dispositivo, vimos que é indiferente o uso da inicial maiúscula ou minúscula em vocábulos como igreja, rua, avenida, bairro, praça: “Praça da Sé” ou “praça da Sé”; “Avenida Rio Branco” ou “avenida Rio Branco”; “Palácio da Justiça” ou “palácio da Justiça”; “Edifício More Agora” ou “edifício More Agora”, etc.

Observação 1: O famoso dicionário Houaiss adota Igreja católica apostólica romana, com todas as iniciais minúsculas, exceto a de Igreja.

Observação 2: Diz-se: “Marília frequenta uma igreja evangélica”, com todas as iniciais minúsculas. Porém: “Marília frequenta a igreja Presbiteriana do Brasil” (ou Igreja Presbiteriana do Brasil).

Observação 3: O vocábulo “Centro”, referindo-se a bairro, é escrito com a inicial maiúscula:

Exemplo: "Roberta mora na Rua João Maria, 15, Centro, Aquiraz (CE)".

Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente.

Comentário do blog: Conforme está bem explícito no texto, o Acordo ressalvou a possibilidade do emprego das iniciais maiúsculas e minúsculas fugir às regras aqui convencionadas, desde que oriundas “de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente”.


PARA LER SOBRE O QUE ESCREVEMOS ACERCA DA ORIGEM DE ALGUMAS INICIAIS MAIÚSCULAS, ACESSE:

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